Apesar dos inúmeros desafios que vive a economia brasileira, particularmente com baixos índices de crescimento do PIB e taxa de empregos com nível preocupante, pode-se afirmar que a fruticultura, à exemplo de outras cadeias produtivas do agronegócio nacional, é um setor em expansão.
Tal fato deve-se à crescente percepção pelos consumidores que alimentação saudável, e, as frutas estão incluídas nessa categoria, é a base da saúde e bem-estar das pessoas, pelo avanço dos estudos médicos que mostram as frutas com qualidades funcionais importantes na prevenção de doenças e também pela evolução na qualidade dos produtos, cada vez mais saborosos e bem apresentados para os consumidores.
Nota-se a mesma tendência no mercado internacional, onde, além da expansão das vendas de frutas tropicais tradicionais como manga, melão, melancia, mamão, são também crescentes as demandas pelo avocado, uvas de mesas, maças e a lima ácida (limão tahiti) que é a terceira fruta mais exportada pelo país.
As estatísticas setoriais mostram que no período de janeiro-maio de 2018, houve um crescimento de 16,41% e 11,86% respectivamente para valor (em US$D) e volume (toneladas) nas exportações brasileiras de frutas frescas.
Embora as exportações representem ainda apenas 2,5% do total do volume de frutas frescas produzidas e comercializadas, o potencial para crescimento é muito grande, principalmente considerando-se que os processos de abertura de novos mercados, inclusive os asiáticos, tem hoje um nível de prioridade diferenciado dentro do governo. Atingir os mercados da Ásia é estratégico para o setor de exportação de frutas uma vez que aquela região do planeta representará em 25-30 anos mais de 50% da população mundial. É notório também o aumento de consumo das frutas brasileiras em mercados já existentes como o dos países da União Europeia, nos Estados Unidos e nos países do Oriente Médio.
Em fevereiro de 2018 foi lançado o Plano Nacional de Desenvolvimento da Fruticultura (PNDF) para definir estratégias e tornar o país uma grande potência mundial na produção e comercialização de frutas. Nesse sentindo, o Ministério da Agricultura e demais entidades do setor produtivo estão continuamente discutindo detalhes e elaborando metas e ações nas várias áreas que compõem a cadeia produtiva das frutas como pesquisa e desenvolvimento, produção, logística, comercialização e marketing, industrialização, entre outros.
Para se ter ideia do que este setor representa economicamente para o nosso País e para o agronegócio, o Produto Interno Bruto (PIB) referente ao ano passado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de R$ 6,6 trilhões, em valores correntes. Houve crescimento de 1,0% após dois anos de retração, e os números mostram que esse crescimento se deu graças ao agronegócio que avançou em 7,6%, segundo o CEPEA. A fruticultura teve participação significativa nesse aumento, gerando em receita com a exportação, 812 milhões de dólares.
São 30 polos de produção de frutas temperadas e tropicais ativos e que produzem durante todo o ano, somados em mais de dois milhões e quinhentos mil hectares, de norte a sul do país. O volume corresponde a 44 milhões de toneladas. Em meio a essa demanda de produção, nos destacamos também na geração de empregos. A cadeia detém 16% de toda a mão de obra do setor agropecuário, ou seja, aproximadamente 5 milhões de pessoas empregadas. De forma resumida, para cada hectare plantado são gerados pelo menos dois empregos diretos no campo.
Os grandes desafios da fruticultura estão voltados para o aumento do consumo, tanto no mercado interno, quanto externo. Muitos países, inclusive o Brasil, não atingiram ainda o nível de consumo per capita recomendado pelo OMS – Organização Mundial de Saúde.
Outro grande desafio no País para o setor são os registros de defensivos agrícolas, que devido ao desenho ultrapassado do processo de registro atual quando comparado à outros em países da América do Sul como Chile e Peru, geram burocracia e nos prejudicam em questões de competitividade frente a outros exportadores.
A desburocratização nos processos de exportação também é um elemento que precisamos enfrentar. A lei atual está defasada e defendemos sua modernização.
Apesar dos desafios mencionados, o setor caminha com perspectivas de alcançar a meta de 1 bilhão de dólares em receitas com a exportação em 2020.
Entretanto, precisamos ressaltar o quão importante é o associativismo e a sindicalização. Defesa de interesses do setor através de um associativismo profissional e efetivo pavimenta o caminho ao sucesso. Sindicatos rurais fortes e uma confederação organizada atua também positivamente na representação e defesa dos interesses da fruticultura e, a conscientização do produtor rural no pagamento do imposto sindical que não é mais obrigatório, será mais rápida com a percepção dessa organização mencionada.