
O cultivo de frutas no Brasil é de grande relevância, somos o terceiro maior produtor no mundo, com uma marca de, aproximadamente, 45 milhões de toneladas de frutas por ano, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) [1]. Esta produção é destinada ao consumo interno, em sua maioria, mas há exportação de 35% para diversos países.
Com um território tão extenso, climas variados e muitas espécies vegetais disponíveis, pode-se imaginar que a ocorrência de pragas seja uma das principais dificuldades enfrentadas em nosso país. Como exemplo, temos duas espécies de drosófila, que ovipõem em frutos imaturos de casca fina, onde as larvas eclodem e se alimentam ali dentro, tirando o valor comercial dos produtos.
A Drosophila suzukii, conhecida como “suzukii” ou “drosófila-da-asa-manchada”, que pode provocar perdas de 60 a 80% nas culturas onde se instala, é originária do Japão e tem sido amplamente registrada pelo mundo, por exemplo na Argentina, Chile e Uruguai. Ela foi detectada no Brasil em 2013 e, desde então, vem ampliando sua distribuição geográfica.
Outro exemplo é a mosca-do-figo (Zaprionus indianus) que já está presente no Brasil desde 1999, tem sido identificada no Canadá, México e Estados Unidos, é capaz de atacar morangos não danificados e tem aumento de sua oviposição quando já houve oviposição de D. suzukii.
Estas duas espécies têm expandido sua presença na região Neotropical e modelos de previsão indicavam a possibilidade de D. suzukii invadir o estado do Espírito Santo. Para determinar a dispersão de D. suzukii no estado foram coletados morangos, amoras pretas, mamões, goiabas e café robusta, os frutos foram monitorados e as moscas emergentes coletadas para análise. Novas coletas foram realizadas com aspirador em áreas de produção de morango, mamão e goiaba.
No primeiro ano de coleta, moscas do gênero Drosophila foram as mais coletadas em campos de morangos, porém, sem nenhum exemplar de D. suzukii, em segundo lugar ficaram as moscas-do-figo.
Já em fevereiro de 2017, foi feito o primeiro relato de D. suzukii em amoreiras no Espírito Santo. Nesta ocasião, 965 moscas “suzukii” emergiram das amoreiras, 458 moscas-do-figo e 21 outras espécies de Drosophila. Os resultados de 2017 mostram que D. suzukii estava presente em 6 dos 8 campos de morango onde foram realizadas coletas, Z. indianus e Drosophila spp. foram identificados em todos os campos da fruta.
Drosophila já havia sido registrada em mamões no Espírito Santo anteriormente e, neste estudo, cinco moscas coletadas em mamões e goiabas foram identificadas como “suzukii”. As amostras de café robusta mostraram infestação por moscas D. ananassae e D. melanogaster, mas nenhum exemplar de D. suzukii ou Z. indianus foi encontrado.
O balanço de 2017 da CNA [2] informa que a meta do setor de fruticultura é atingir U$S 1 bilhão em exportações até 2020. Este estudo reforça a importância de que medidas de manejo e controle das moscas-das-frutas sejam aperfeiçoadas para que os danos sejam evitados ou ao menos minimizados e, assim, seja possível alcançar a meta estabelecida.
Fonte: Defesa Vegetal