Assim como o Rio Grande do Norte, boa parte da Região Nordeste Brasileira tem em seu território condições climáticas das mais inóspitas do planeta. O chamado semiárido. Caracterizada por solos extremamente pobres, arenosos sem matéria orgânica. Com índices pluviométricos médios abaixo de 500 mm, que ocorrem em regime extremamente irregulares. E para piorar é uma região muito populosa. Segundo o IBGE, temos o semiárido mais populoso do mundo. O resultado dessa soma negativa de fatores é existência de uma legião de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza, onde se concentra os piores Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil.
A pergunta é se realmente seca é necessariamente sinônimo de pobreza? Ou a seca pode ser um fenômeno positivo. Que traz benefícios à determinadas atividades econômicas que, se desenvolvidas nessas condições, podem ter eficiência e competitividade sem igual.
Se analisarmos outras regiões semi-áridas ao redor do mundo veremos locais tão pobres quanto o nosso Nordeste mas veremos também semi-áridos bem desenvolvidos onde a seca deixou de ser um problema para ser um aliado da produção, da geração de riqueza, emprego e renda. Nesse exemplo temos o sul da Espanha, o Estado da Califórnia, Israel, mas temos exemplos de locais secos em países menos desenvolvidos que encontraram um caminho de crescimento. É o caso do Peru, do Egito, de Marrocos do México, Argentina, Chile, onde as regiões secas vêm se desenvolvendo a todo vapor.
Assim, não há porque continuarmos a lamentar esse fenômeno corriqueiro e recorrente no nosso Nordeste. Existe um caminho para promovermos um desenvolvimento sustentável para a região. Aliás existem alguns caminhos mas o mais conhecido é o da Fruticultura. Onde essa atividade conseguiu se instalar em qualquer região semiárida do mundo o desenvolvimento chegou também. O pleno emprego e a geração de renda transformou essas regiões de extremante pobres para regiões ricas. Seus habitantes, que antes migravam para outras regiões, retornaram às suas terras e ao convívio de suas famílias.
Para que isso ocorra precisamos mudar a cultura dos governantes que ao longo das últimas décadas se preocuparam com medidas paliativas e assistencialista que não conseguiram trazer uma convivência justa e definitiva com a seca.
Distribuir carros pipas é a saída? Distribuir sementes para a cultura de sequeiro (sem irrigação) vai eliminar o problema da fome no Nordeste? Bolsa família é sustentável?
Os recursos financeiros aplicados nas atividades acima poderiam trazer melhores resultados a médio prazo se aplicados em trazer tecnologia ao sertanejo. Trazer água de outras regiões como transposições de bacias hidrográficas. Perfurar poços onde isso é possível. Auxiliar na formação de sistemas de cooperativas de produtores dando escala nas aquisições de insumos e auxiliando na comercialização dos produtos. O Governo precisa usar sua força para promover o desenvolvimento e não para perpetuar a miséria. Promovendo o cultivo de agricultura irrigada na região Nordeste, e dentro dessa agricultura as frutas e hortaliças são opções extremamente viáveis, já que se desenvolvem melhor onde chove menos, geram muito emprego por área cultivada e possuem alto valor agregado, o desenvolvimento virá. Teremos toda condição de sermos o pomar do mundo e dar aos nossos brasileiros, habitantes dessa sofrida região, vida digna que tanto merecem.
LUIZ ROBERTO BARCELOS
Diretor da Agrícola Famosa Ltda.
Presidente do Coex – Comitê de Controle da Moscas da Fruta.
Presidente da ABRAFRUTAS – Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados.
Presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA.
Presidente da Câmara Setorial de Fruticultura do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pesca.