Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS) participou ontem a tarde (16) de comissão geral na Câmara dos Deputados sobre o uso de defensivos agrícolas. O tema que vem sendo debatido já algum tempo é objeto de projetos de lei tanto para a liberação de novos defensivos e a mudança de nome para pesticidas (PL 6299/02), assim como, também outra que estabelece redução no uso (PL 6670/16).
O debate ontem foi bem diversificado e teve a participação de parlamentares, representantes do setor agro e representantes de instituições que são contra o uso dos agroquímicos. Para o presidente da comissão geral, deputado Luiz Nishimori (PL-PR) o tema é complexo, porém de extrema importância que precisa de amplo debate e amadurecimento para que possam propiciar crescimento para o país e para a agricultura brasileira.
O professor do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (USP), Mauro Osaki, explicou que os impactos econômicos no uso dos defensivos são grandes e que o produtor utiliza pela necessidade, a soja, por exemplo, tem um gasto em torno de 19 bilhões com inseticidas e a redução do uso no tratamento das doenças impactaria a produção em 30%, o que impactaria no preço, caso contrário seria necessário investimento de R$ 47 bilhões em subsídios federais.
Na mesma linha de defesa, o diretor executivo da ABRAFRUTAS, Eduardo Brandão, falou da necessidade de utilização dos defensivos para garantir o alimento a população, falou também dos prejuízos pela propagação de informações sem embasamento científico. “O custo na utilização dos agroquímicos para o produtor rural, principalmente para os produtores de frutas e hortaliças é altíssimo, alcança a margem de mais 20%, ou mesmo 30%. Isso deixa claro que o produtor não utiliza agroquímicos porque querem, ou para envenenar a população como dizem, usam porque necessitam. Estamos em um país tropical com larga incidência de pragas e doenças e necessitamos controlá-las para oferecermos alimentos em quantidade e qualidade a mesa do consumidor”, defendeu Brandão.
Não existe essa questão de insegurança alimentar como vem sendo propagado, afirmou o diretor de Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Goulart, que também esteve presente ao debate. Para ele, se isso fosse verdade não teríamos tantos mercados compradores, já teriam restringido nossos alimentos.
O debate contou ainda com a participação da nutricionista e apresentadora de TV, Bela Gil, que discursou sobre o uso excessivo de defensivos agrícolas e defendeu a criação de programas que visem políticas publicas na redução emergencial dos agroquímicos. “Não estamos dizendo que a agricultura convencional tem que acabar agora, parar tudo e começar do zero, o que estamos pedindo, isto é, só queremos saber por que não existe nenhum movimento para que isso se torne realidade um dia”, afirmou a apresentadora.