O fungo causador do Mal do Panamá, Fusarium Oxysporum f. sp. cubense raça tropical TR4, teve presença recentemente confirmada na Colômbia e colocou em alerta os bananicultores brasileiros. Por se tratar de um fungo de solo que ataca o sistema radicular das bananeiras e causar um bloqueio nos vasos vasculares é incurável para a planta afetada e sem tratamento químico eficiente, ou seja, é letal para a bananeira. Essa nova raça de Fusarium ataca não apenas a banana Maçã e a Prata como o Fusarium raça 1 comum no Brasil, mas também a Cavendish (nanica). Ele é muito mais agressivo do que as raças anteriores, além de produzir estruturas de sobrevivência que podem se manter viáveis no solo contaminado por mais de 20 anos.
Existem 2 formas de proteger os bananais deste fungo: 1) evitar que o fungo chegue até as áreas produtoras, ou; 2) plantio de materiais resistentes. O desafio do produtor de bananas reside no fato que qualquer partícula de solo contaminado que ingresse na sua propriedade pode infectar sua lavoura. Mudas ou restos de plantas hospedeiras contaminadas, veículos, pessoas, animais, insetos e até mesmo a água de irrigação podem trazer este problema para dentro de sua plantação. Por outro lado, no momento não existem cultivares, que sejam ao mesmo tempo comprovadamente resistentes e produtivas, disponíveis para substituir as lavouras atuais. Ou seja, a estratégia de sobrevivência da atividade se resume em postergar ao máximo a dispersão do fungo nas regiões produtoras e investir fortemente na pesquisa para que haja tempo de produzir, testar e validar novos materiais resistentes. Uma vez que os bananais são diagnosticados com FOC TR4 a plantação deve ser erradicada e vetada, a exemplo do que já ocorreu em mais de 185 ha de bananeiras para exportação, onde o mal foi detectado na Colômbia.
Em termos gerais e de forma resumida, a produção de bananas é um negócio de mais 3 bilhões de dólares anualmente, cobre 470 mil ha e dele depende diretamente mais de 170 mil agricultores. 50% do consumo per capta de frutas no Brasil é de banana, a fruta mais popular e o 4º alimento mais consumido no mundo, depois do arroz, trigo e milho. A banana foi a 5ª fruta mais exportada em volume e a 7ª em valor pelo Brasil no último semestre.
Qualquer ameaça a essa cultura e especialmente neste caso do Mal do Panamá, precisa ser vista com muito cuidado e atenção pelo setor produtivo, seja ele de subsistência, pequeno, médio ou grande produtor, pelas autoridades da defesa vegetal, as empresas de pesquisa e as esferas municipais, estaduais e federais do Estado, pois trata-se de uma ameaça à segurança alimentar, à estabilidade social e econômica de milhões de pessoas. As partes envolvidas precisam se organizar, se unir e traçar um plano estratégico de combate a este mal, que já é considerado uma das 10 piores pragas da agricultura da história.
Bernardo Ricardo Ehle Filho
Engenheiro Agrônomo, Master em Gestão Estratégica de Negócios
Agrícola Famosa Ltda.