Maçã e melão sofrem com lentidão em processos aduaneiros e negociações paralisadas na China

A redução da força de trabalho no setor público e privado causado pela pandemia global de Covid-19 tem prejudicado as exportações brasileiras de melão e maçã.
A expectativa era de um 2020 muito diferente, em especial para o melão, cuja projeção era dobrar as vendas após a habilitação para ser exportado à China, em janeiro. Em 2019, foram 251,64 mil toneladas exportadas, crescimento de 25,8% ante o ano anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura.
Segundo Roberto Martorelli, produtor no Rio Grande do Norte que foi habilitado a enviar melões para China, o principal impacto da pandemia tem sido na continuidade das negociações, seja pela falta de pessoal, seja pela incerteza em relação ao futuro do mercado.

“Temos mantido alguma conversa mas, efetivamente, não avançamos muito devido a essa questão da pandemia. A gente espera que nas próximas semanas, com a recuperação mais rápida da China, a gente consiga voltar a ter contatos lá”, conta.
Com a janela de exportação para o país em setembro, o produtor acredita que a situação só se normalize no segundo semestre, a depender da normalização do setor logístico e do mercado consumidor chinês.
“Se a gente estivesse numa situação normal e não estivesse acontecendo essa questão do Covid-19,eu acho que essas negociações já estariam bem mais avançadas, até para um embarque teste agora”
Roberto Martorelli, produtor de melão no RN
Maçã parada na burocracia
No caso da maçã, são os entraves com documentações alfandegárias para Índia e Bangladesh que têm prejudicado as exportações. Os dois países exigem o envio dos certificados originais relacionados à carga, o que tem sido cada vez mais difícil após o fechamento de portos e aeroportos, além da redução de equipes nas empresas logísticas.
“Alguns documentos, como a fatura comercial, é possível dar um jeito. Já as certificações fitossanitárias e outros documentos oficiais são muito mais complicados para colocar em emissão eletrônica porque precisam de aprovação do país de destino”, explica Pierre Nicolas Pérès, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM).

Segundo ele, os dois mercados são fundamentais num momento em que o tempo seco prejudicou a produção brasileira, gerando frutos 32% menores este ano quando comparados com 2019.
“O mercado de Bangladesh é estratégico nesse sentido porque tem um mercado que consome muita fruta pequena. É composto tradicionalmente por famílias com grande quantidade de filhos, que preferem adquirir mais frutas por quilo”, explica Pérès.
Solução em pauta
O problema enfrentado com a Índia e Bangladesh também chegou a travar as remessas brasileiras de maçã para a Europa, o que foi solucionado rapidamente, segundo explica Souza, da Abrafrutas.
“A resposta foi muito rápida. No momento em que nosso adido agrícola levou o problema para as autoridades de lá, o de mercadorias praticamente normalizou”, relata o gerente técnico da associação.
fica na esfera da diplomacia e nós não temos acesso”, avalia Souza.
Fonte: Globo Rural