O dia 22 de março marca o Dia Mundial da Água e a conscientização do uso racional
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Desde 1993, o dia 22 de março marca o Dia Mundial da Água. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e marca a consciência sobre o uso deste recurso e a preservação dos recursos hídricos.
Um dos setores que mais demanda água é a agricultura. O uso da irrigação potencializou resultados, permitiu cultivo em áreas áridas e o desenvolvimento de novas culturas pelo Brasil. Algumas dependem diretamente da água. No Brasil grande parte do arroz produzido é irrigado. São 1,3 milhão de hectares de irrigado contra 377 mil hectares de sequeiro. O país também tem um dos maiores polos de fruticultura irrigada no Vale do São Francisco.
Segundo o último relatório da Agência Nacional de Águas (ANA) o Brasil totaliza 8,2 milhões de hectares equipados para irrigação, sendo 64,5% (5,3 milhões de hectares) com água de mananciais e 35,5% (2,9 milhões de ha) fertirrigados com água de reuso.
Entre 2012 e 2019, por exemplo, a intensificação da atividade agrícola teve incremento na ordem de 4% ao ano no Brasil. Nesse período, foram incorporados cerca de 216 mil hectares irrigados ao ano. Além disso, em 2019 o valor da produção irrigada superou a importante marca de R$ 55 bilhões.
A pesquisa apontou ainda, que o Brasil tem potencial de expandir sua área irrigada em mais 4,2 milhões de hectares até 2040. A agricultura irrigada proporciona uma produtividade de 2 até 3 vezes maior do que áreas de sequeiro. Além disso, a técnica oferece outras vantagens como: melhoria na qualidade dos produtos, redução de custos unitários, atenuação dos impactos da variabilidade climática, otimização de insumos e equipamentos, aumento na oferta e na regularidade de alimentos, assim como a modernização dos sistemas de produção.
Além de sua importância econômica, a irrigação contribui decisivamente para a segurança alimentar e nutricional da população brasileira. Para o pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues, a água é o principal fator para a produção de alimentos e a relação água-alimento é complexa. “É nesse sentido que a ciência tem papel fundamental. As inovações modificam a situação atual, possibilitando produzir mais sem aumentar as demandas hídricas”, destaca.
No mundo, a agricultura irrigada é responsável por cerca de 40% de toda a produção, viabilizando produzir fisicamente, em uma mesma área, até quatro vezes mais que a agricultura de sequeiro. “O desenvolvimento de uma agricultura sustentável passa, necessariamente, pelo uso sustentável dos recursos hídricos, que por sua vez, depende de uma gestão que incorpore os usos múltiplos da água. O Brasil é um país de dimensões continentais com grandes diferenças sociais, ambientais e econômicas, o que deixa a atividade de gestão muito mais complexa. Fazer a gestão de recursos hídricos de forma igualitária em todo o País pode levar a conflitos em bacias hidrográficas que já se encontram em estado crítico em termos de disponibilidade hídrica”, diz Rodrigues.
Empresas do agronegócio também desenvolvem tecnologias para um uso mais eficiente da água. Isso passa desde irrigação movida a energia solar, fertirrigação sem desperdício, tecnologias que monitoram o uso eficiente da água na lavoura com gerenciamento e pivôs que operam com até o dobro da velocidade, diluindo os produtos químicos em menos tempo e diminuindo o tempo da irrigação pela metade.
“A aplicação mais rápida possibilita às culturas o consumo de água de maneira mais eficiente principalmente em solos mais leves, permitindo uma melhor gestão dessas culturas de alto valor”, destaca o engenheiro de aplicação da Lindsay, Bernardo Norenberg.
O Brasil, com 12% da água doce superficial disponível no planeta e 28% da disponibilidade as Américas, é estratégico para suprir o aumento de cerca de 60% da demanda por alimentos, necessários para atender a uma população mundial que em 2050 será de aproximadamente 10 bilhões de habitantes. O sucesso dependerá da capacidade da sociedade em entender estrategicamente o nexo água-alimento, diz o pesquisador da Emprapa e acrescenta que “todo esse avanço, entretanto, não será suficiente para o desenvolvimento sustentável se, na gestão da água no meio agrícola, não forem observadas as especificidades da agricultura, que depende da chuva. É preciso criar mais valor e bem-estar com os recursos hídricos disponíveis”.
Fonte: AGROLINK -Eliza Maliszewski