Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares terminou nesta quarta-feira, em Roma, com mais de cem lideranças internacionais
Mais de cem líderes internacionais participaram, nesta semana, da Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares, em Roma, na Itália. Encerrado nesta quarta-feira, 28, o evento teve a participação da ministra brasileira Tereza Cristina e foi convocado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. A primeira edição oficial será realizada em Nova York, durante a próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. O encontro prévio de governos, ambientalistas, diplomatas, lideranças e setor produtivo durou três dias.
Em comunicados enviados à imprensa internacional, a ONU destacou a “forte participação” de jovens nas discussões e a importância dos “líderes de hoje” na busca pela sustentabilidade na produção de alimentos. A entidade vem alertando para a questão da transição de gerações no campo e considera urgente tornar os sistemas alimentares mais atraentes para os jovens, com vistas a garantir o futuro da segurança alimentar e nutricional global.
“Convidamos sua parceria hoje para transformar o impulso da juventude em resultados de políticas, enquanto aguardamos com expectativa a Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, em setembro”, declarou a representante do Brasil e vice-presidente do comitê de ações da iniciativa global, Lana Weidgenant. “Queremos sentar à mesa com você quando você tomar decisões sobre nossos futuros sistemas alimentares”, enfatizou o libanês Rayam Kassam à assembleia.
A ONU destaca que os jovens foram desproporcionalmente impactados pela pandemia de Covid-19, com o emprego jovem caindo 8,7% em 2020 em comparação com 3,7% entre adultos. Dez mil jovens de vários países participaram das primeiras discussões da cúpula, informa o órgão. A presença de líderes da juventude, inclusive do setor produtivo, foi aclamada por um dos anfitriões da ocasião, o embaixador italiano, Luigi Di Maio, como “um excelente exemplo de como a ação política conjunta pode levar a resultados mais amplos”.
Os membros da Cúpula de Sistemas Alimentares preveem a criação de coalizões globais para transformar a produção de alimentos com metas sociais e ambientais, sem abandonar o discurso do braço para Alimentação e Agricultura do órgão, a FAO, de que é preciso ter produtividade agropecuária suficiente para alimentar 9,8 bilhões de pessoas em 2050. O Brasil apoia, por exemplo, junto à Austrália, Dinamarca, Israel, Cingapura, Reino Unido e Uruguai, uma parceria dos Estados Unidos com os Emirados Árabes para desenvolver sistemas agrícolas alinhados à ação climática, a Missão de Inovação Agrícola para o Clima (AIM for Climate).
“Qualquer coisa que fizermos deve sempre incluir aqueles que estão no centro de nossos sistemas alimentares: pequenos agricultores, povos indígenas e especialmente mulheres e jovens”, pontuou a vice-secretária-geral da ONU, Amina J. Mohammed, no discurso de encerramento. “Assim como a comida nos une como culturas e comunidades, ela pode nos unir em torno de soluções. Mas o que está claro é que não existe uma solução única para todos. Nossa diversidade é nossa força e reflete a complexidade do mundo”, declarou a nigeriana.
O ministro da Agricultura de Tuvalu, Katepu Laoi, acredita que as mudanças climáticas tornarão ainda mais desafiador o trabalho de produzir e fornecer alimentos. “Hoje em dia, ainda somos capazes de consumir nossa cultura mais tradicional, a raiz pulaka, mas somente com uma demanda muito moderada”, conta o líder do arquipélago situado na Polinésia, com nove ilhas e 11,6 mil habitantes. “Nosso governo reconhece que fornecer cadeias de abastecimento de alimentos sustentáveis e adequadas para a população de Tuvalu será cada vez mais desafiador devido a eventos climáticos extremos, que foram agravados pelas mudanças climáticas”, declara ele.
Fonte: Canal Rural