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Portugal vai usar água do mar na agricultura: ENTENDA

O estudo, que demorou cerca de quatro meses para ser concluído, está pronto

A partir da safra agrícola de 2028, os agricultores do perímetro de irrigação de Odemira passarão a utilizar água dessalinizada, proveniente de uma central em Sines e distribuída por um encanamento, possivelmente pelo mar. O preço indicativo atual é de 70 centavos por metro cúbico, um valor considerado elevado, mas que pode ser fundamental em situações de escassez ou restrições de água nas barragens, como as que estão ocorrendo atualmente.

Luís Mesquita Dias, presidente da AHSA, acredita que o projeto de uma dessalinizadora em Odemira seguirá em frente, apesar das recentes alterações em relação ao plano original. A AHSA promoveu a ideia da dessalinização em Odemira, encomendando um estudo de viabilidade a uma empresa israelita, devido à urgência de encontrar uma fonte alternativa de água, dadas as atuais restrições no acesso à irrigação.

“Se continuar chovendo como até agora, e os consumos permanecerem estáveis, a água da barragem de Santa Clara será suficiente por apenas 4/5 anos. Além disso, é necessário que o Ministério da Agricultura flexibilize o uso dessa água, pois atualmente estamos limitados à cota 104, que foi a última decisão da APA [Agência Portuguesa do Ambiente]”, comenta.

O estudo, que demorou cerca de quatro meses para ser concluído, está pronto. No entanto, as premissas do projeto mudaram significativamente. Inicialmente, o projeto envolvia a construção de uma pequena dessalinizadora em Odemira, financiada integralmente pelos agricultores. No entanto, a proposta foi rejeitada pela prefeitura de Odemira, uma vez que também incluía a construção de um parque solar e eólico para fornecer energia à dessalinizadora.

“O prefeito tem uma visão pró-ambientalista do território e não quer que ocorra nada que se afaste do conceito de parque natural. Ele não deseja promover a agricultura na região, nem expandir a área agrícola. Estamos em um perímetro de irrigação com 12.000 hectares, que atualmente irriga apenas 5000/5500 hectares, portanto, teríamos a oportunidade de duplicar a área”, explica Luís Mesquita Dias.

Diante dessa oposição, a ASHA decidiu voltar a conversar com o Ministério do Meio Ambiente e trabalhar em uma solução mais abrangente, que acabou se concentrando em Sines.

“Não é uma decisão final, mas estou muito confiante de que vai avançar. Será um projeto de múltiplos fins, que o Estado concederá a uma entidade para gerenciar”.

Fonte: AGROLINK