ÁREA –
Segundo pesquisadores do Cepea, em 2023, a área de frutas e hortaliças cultivada no Brasil voltou ao patamar pré-pandemia (de 2019) – vale lembrar que, no período pandêmico, houve uma retração generalizada da área cultivada, sobretudo de culturas que destinam sua produção ao mercado in natura.
Algumas cadeias, contudo, chegaram a aumentar os investimentos entre 2019 e 2023, especialmente as voltadas à exportação, como manga e uva. O mesmo ocorreu para as áreas destinadas à indústria da batata pré-frita e do tomate industrial, que vêm crescendo vigorosamente nos últimos anos. A maior área de batata industrial deve-se ao aumento no consumo doméstico de pré-fritas e à substituição do produto importado pelo nacional. Quanto ao incremento da área de tomate industrial, está atrelado à substituição da polpa importada pela nacional. Esses movimentos fortaleceram a indústria brasileira destas duas culturas e ampliaram a área cultivada no País.
Fazendo um balanço das cadeias avaliadas pela equipe da Hortifruti Brasil, a área total se recuperou 4% em 2023 frente à de 2022. É importante ressaltar que, embora parte das frutas e hortaliças ainda não tenha retomado em 2023 a área cultivada de 2019, algumas tiveram avanços tecnológicos importantes no campo, como a laranja e o tomate de mesa. Diante disso, pode-se dizer que, de forma agregada, em 2023, o potencial de oferta é até maior que em 2019, graças ao avanço produtivo ao longo dos anos.
Para 2024, por enquanto, investimentos só devem ocorrer nos segmentos voltados às áreas industriais de batata e tomate, com as demais culturas se mantendo estáveis.
CONSUMO –
O setor de hortifrúti nacional tem apresentado crescimento mais intenso em termos de valor do que em volume de vendas. E esse aumento de valor é resultado dos maiores custos de produção e de melhorias realizadas na cadeia de comercialização e de serviços.
Para 2024, pesquisadores da Equipe da HF Brasil indicam que a tendência é de que o prato do brasileiro seja mais diversificado, com diferentes frutas e hortaliças. A conveniência vem sendo um fator importante para o consumidor, e, em 2024, os hortifrútis processados também devem estar mais presentes no carrinho de compras do brasileiro.
CLIMA –
O setor tem passado por problemas com o clima nos últimos anos. Em temporadas anteriores, o Brasil registrou a atuação do fenômeno climático La Niña, que trouxe um verão mais seco no Sul e chuvoso no Nordeste. Em 2023, desde o inverno, um efeito contrário tem sido visto, diante da atuação do El Niño, que permitiu um clima muito favorável para a produção de frutas do Nordeste, mas chuvas acima da média no Sul do País, que prejudicaram a produção de maçã e de hortaliças. No Sudeste, onde o fenômeno não é tão forte, as temperaturas estiveram bem acima da média histórica.
Para 2024, a influência do El Niño ainda no primeiro trimestre deve limitar a produção, a produtividade e a qualidade no Sudeste e sobretudo no Sul. Por outro lado, o fenômeno climático tende a favorecer a produção do Nordeste no primeiro semestre, beneficiando as vendas externas de frutas frescas durante as janelas de exportação da primeira parte do ano.
FRONT EXTERNO –
A receita brasileira obtida em 2023 com as exportações de frutas frescas pode superar a adquirida em 2021 (de US$ 1,1 bilhão), atingindo, portanto, um novo recorde, conforme dados da Secex. A receita recorde está atrelada ao aumento no preço médio pago (em dólar) pelas frutas, o que, por sua vez, se deve ao clima favorável no Nordeste, a melhores condições logísticas e, principalmente, à menor concorrência externa (países concorrentes também enfrentaram problemas climáticos).
Para 2024, o cenário pode continuar positivo para as frutas do Vale do São Francisco, sobretudo no primeiro semestre, quando os demais países concorrentes (principalmente o Peru) ainda devem registrar volume e qualidade prejudicados, por conta do forte efeito do fenômeno climático El Niño sobre a produção.
Fonte: HF BRASIL