Estudos também mostram que os resíduos da mexerica podem ser aproveitados na produção de compostos bioativos para o setor farmacêutico, cosmético e até mesmo na produção de biocombustíveis
A mexerica (Citrus reticulata), também conhecida como tangerina, é uma fruta cítrica comumente apreciada por seu sabor doce e refrescante, mas o potencial vai além do consumo in natura. Nos últimos anos, estudos científicos têm explorado não apenas os benefícios do consumo, mas também o aproveitamento dos resíduos gerados durante o processamento, o que agrega valor à cadeia produtiva e contribui para a sustentabilidade.
A mexerica é rica em compostos bioativos, como flavonoides, vitamina C e carotenoides, que conferem à fruta propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias. Esses componentes são essenciais para a saúde, uma vez que atuam na redução do estresse oxidativo e na prevenção de doenças crônicas, como as cardiovasculares e certos tipos de câncer. Os flavonoides presentes na casca e no suco da mexerica, por exemplo, são estudados por suas capacidades neuroprotetoras e pela inibição da produção de óxido nítrico, um importante fator em processos inflamatórios.
Durante o processamento da mexerica, grandes quantidades de resíduos, como cascas e sementes, são geradas. No entanto, esses coprodutos não devem ser descartados, pois possuem aplicações importantes. A casca da mexerica, por exemplo, é rica em óleos essenciais, que têm propriedades antimicrobianas e antioxidantes. Esses óleos são utilizados em diversas indústrias, como a de cosméticos e alimentos, para formulação de produtos com ação conservante natural.
Estudos também mostram que os resíduos da mexerica podem ser aproveitados na produção de compostos bioativos para o setor farmacêutico, cosmético e até mesmo na produção de biocombustíveis, transformando o que seria descartado em um insumo valioso para diversas aplicações?.
A versatilidade da mexerica também se estende ao desenvolvimento de novos produtos alimentícios. O suco da fruta, por exemplo, é uma excelente fonte de antioxidantes naturais, sendo amplamente utilizado na fabricação de bebidas saudáveis. Além disso, o sabor característico a torna popular em doces, geleias e compotas.
Recentemente, o uso da polpa e do suco de mexerica na produção de néctares e bebidas fermentadas tem ganhado destaque, proporcionando aos consumidores produtos saborosos e com benefícios à saúde.
Além do uso alimentício, os óleos essenciais extraídos da casca da mexerica são amplamente aplicados na formulação de perfumes, cosméticos e produtos de limpeza, devido às propriedades aromáticas e antimicrobianas. A presença de compostos como o limoneno e o citral confere aos óleos essenciais de mexerica características únicas, tornando-os altamente valorizados em diversas indústrias.
Embora a mexerica tenha demonstrado grande potencial, a preservação de seus produtos, especialmente do suco, continua sendo um desafio. A oxidação rápida e a sensibilidade à degradação microbiana exigem técnicas de conservação eficientes para garantir a vida útil dos produtos. A pasteurização e uso de embalagens com proteção contra oxigênio são algumas das alternativas já utilizadas para preservar as qualidades nutricionais e sensoriais dos produtos à base de mexerica.
No entanto, avanços tecnológicos e de processamento, como o uso de conservantes naturais e a aplicação de alta pressão, estão sendo estudados para manter a integridade dos produtos e aumentar a durabilidade, sem comprometer os benefícios nutricionais?.
A mexerica é uma fruta extremamente versátil, com aplicações que vão muito além do consumo direto. Desde a produção de sucos e doces até o aproveitamento dos coprodutos para formulação de bioativos e óleos essenciais. Nesse aspecto, a mexerica tem se mostrado uma matéria-prima valiosa para diversas indústrias. O aproveitamento integral, aliado a práticas sustentáveis, pode gerar impactos positivos tanto na saúde dos consumidores quanto no meio ambiente, reforçando a importância do desenvolvimento de tecnologias que permitam o uso de forma eficiente e sustentável.
Fonte: Jornal da Fruta