A entidade alerta para os impactos nas exportações de frutas brasileiras
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) alerta para os graves impactos que a imposição de tarifas adicionais por parte dos Estados Unidos pode causar às exportações brasileiras de frutas, especialmente em três produtos como: manga, uva e frutas processadas, como o açaí.
Esses três itens representaram, em 2024, 90% do total exportado para os EUA, somando aproximadamente US$ 134,9 milhões. O valor total exportado de frutas brasileiras para os Estados Unidos no ano foi de US$ 148,3 milhões, o que equivale a 12% do faturamento total das exportações de frutas brasileiras. Em volume, os EUA absorveram cerca de 77 mil toneladas, o que corresponde a 7% do total exportado pelo país. A preocupação do setor, com base nesses números, é que esse volume significativo de frutas possa ser perdido caso as tarifas sejam mantidas, afetando diretamente produtores, cooperativas e toda a cadeia logística envolvida na exportação.
Exportações brasileiras para os EUA em 2024:
- Mangas: US$ 45,8 milhões (13% do total da fruta) | 36,8 mil toneladas (14%)
- Frutas processadas: US$ 47,5 milhões (32%) | 18,8 mil toneladas (31%)
- Uvas: US$ 41,5 milhões (23,5%) | 13,8 mil toneladas (26,1%)
Apesar da apreensão do setor, a Abrafrutas esclarece que não há contêineres parados nos portos neste momento, já que a safra da manga, principal fruta exportada, ainda não começou a ser colhida. A previsão é de que a colheita tenha início na última semana de julho e início de agosto.
Ainda assim, o clima é de tensão entre os produtores e exportadores, que acompanham atentamente as negociações entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos. A expectativa é de que haja sensibilidade por parte das autoridades norte-americanas diante da natureza essencial dos alimentos.
“Acreditamos que alimentos não podem entrar em disputas comerciais dessa natureza. Estamos pedindo com firmeza que os Estados Unidos retirem os alimentos da lista de tarifas adicionais, pois são itens essenciais à sobrevivência humana. Acreditamos que alimentos não podem entrar em disputas comerciais dessa natureza. Estamos pedindo com firmeza, que o governo negocie com os Estados Unidos a retirada dos alimentos da lista de tarifas adicionais, pois são itens essenciais à sobrevivência humana. Caso as tarifas sejam mantidas, nossos produtores sofrerão com perdas significativas, a população brasileira poderá sentir os reflexos no aumento do desemprego nas regiões produtoras, e os consumidores americanos acabarão pagando mais caro por produtos saudáveis como as frutas brasileiras”, afirma o presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho.
A Abrafrutas tem mantido diálogo constante com o governo federal e reforçado a necessidade de excluir os alimentos das medidas retaliatórias, garantindo a continuidade das exportações previstas para os EUA, destino estratégico para a fruticultura brasileira. A entidade segue empenhada na defesa do setor, da segurança alimentar e da manutenção dos empregos e investimentos gerados pela fruticultura nacional.
Crescimento no primeiro semestre reforça importância do setor
Enquanto o setor vive esse momento de incerteza quanto ao mercado norte-americano, os dados recentes do primeiro semestre de 2025 revelam um cenário de forte expansão das exportações brasileiras de frutas. De acordo com levantamento da Abrafrutas com base na plataforma AgroStat/Mapa, o país exportou mais de 546 mil toneladas de frutas frescas e processadas, representando um aumento de 27,17% em volume e 12,58% em valor, em comparação com o mesmo período de 2024. O faturamento no semestre foi de US$ 583 milhões.
Entre os destaques, estão:
- Melão: mais de 118 mil toneladas
- Limão: cerca de 107 mil toneladas
- Manga: quase 88 mil toneladas
- Melancia: aproximadamente 74 mil toneladas
- Banana: aproximadamente 44 mil toneladas
- Mamão: 27,4 mil toneladas
- Abacate: 19,5 mil toneladas
- Maçã: 13,1 mil toneladas
- Uva: 10,3 mil toneladas
Diante dos resultados positivos, a expectativa do setor é de que o diálogo entre os governos seja construtivo, permitindo que o Brasil continue a avançar e bater recordes históricos ano após ano, como tem ocorrido. A fruticultura brasileira é referência internacional em qualidade, sustentabilidade e capacidade de abastecimento global, e deve seguir contribuindo com saúde, segurança alimentar e geração de renda para milhares de famílias no Brasil e no exterior.
Por: Telma Martes, Comunicação Abrafrutas