Mesmo diante da pandemia da Covid-19, a manga do Brasil ultrapassou recordes de exportação durante o ano de 2020.
O Observatório do Mercado de Manga da Embrapa Semiárido (PE), a partir de dados do Comex Stat (MDIC), apontou que os valores e volumes das exportações no último ano cresceram mais de 10% em relação ao ano anterior.
Em 2020, as exportações da manga nacional, em especial das variedades Tommy Atkins para o mercado americano; e Kent, Keitt e Palmer para a Europa, atingiram o valor de U$S 246,9 milhões com a venda para o mercado externo de 243,2 mil toneladas de manga.
Durante os primeiros cinco meses, o valor exportado se manteve na média histórica, enquanto nos meses de junho a dezembro atingiram o recorde de valores já alcançados desde 2012, período analisado pelo Observatório.
Em volume de exportação, esses números representam um aumento de 13% em relação a 2019, se mantendo acima da média durante todo o ano.
Para o pesquisador João Ricardo Lima, responsável pelas análises realizadas no Observatório da Manga da Embrapa, o cenário positivo envolveu diversos fatores, entre eles a taxa de câmbio, a diminuição da produtividade da fruta em países concorrentes, como a Espanha e alguns países africanos, além da expansão do mercado americano, que esteve bastante favorável para a Tommy Atkins do Brasil.
Essa convergência de fatores positivos para a manga do Brasil fez com que a fazenda Agrodan, localizada no município de Belém do São Francisco, em Pernambuco, alcançasse um faturamento em torno de 30% maior que em 2019 com as exportações para o mercado europeu.
“Mesmo com um volume maior de frutas, o preço que nós vendemos em euro foi praticamente igual. E com o euro valorizado em relação ao real, a lucratividade foi muito superior”, destaca Paulo Dantas, diretor-presidente da empresa.
O cenário promissor é confirmado pelo Observatório da Manga: “Para este ano, o esperado é que a taxa de câmbio se mantenha favorável para as exportações e que o Brasil produza frutas com maior qualidade do que as de 2020, mantendo o crescimento no mercado externo e com melhores preços”, prevê o pesquisador.
87% das exportações vieram do Semiárido
A região do Vale do São Francisco, situada em pleno Semiárido Nordestino, é a grande responsável pelos números expressivos da exportação da manga nacional, com 212,2 mil toneladas no último ano, correspondendo a 87% do total exportado da fruta do Brasil.
Devido ao uso da irrigação e à disponibilidade de sol, a região consegue manter a produção da fruta durante todos os meses, abastecendo os mercados interno e externo.
As variedades mais plantadas são Palmer, Tommy, Kent e Keitt, apesar de se encontrar outras, como Haden, Ataulfo, Rosa e Espada Vermelha.
A mangicultura do Semiárido também é conhecida pelos altos rendimentos alcançados e pela qualidade da fruta.
Mesmo sendo uma atividade altamente intensiva em tecnologia, é cultivada na região por pequenos e grandes produtores, um resultado favorecido pela ampliação dos investimentos e linhas de crédito e também pela pesquisa agropecuária, com a disponibilização de pacotes tecnológicos cada vez mais precisos.
Fonte: Money Times