Se a fruticultura é “uma restauração do paraíso”, como escreveu o professor José Luiz Tejon em seu blog, então permitam-me dizer que o sertão é um pedacinho do jardim do Éden. Eu disse pedacinho? Por enquanto! O agronegócio da fruticultura está diante de um mar aberto de oportunidades, tanto internas quanto externas.
O Brasil é um dos maiores produtores de frutas in natura do mundo. Temos um grande mercado interno com potencial de aumento, visto que consumimos muito abaixo da quantidade de frutas recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e temos um enorme mercado externo do qual participamos de apenas aproximadamente 1% (cerca de US$ 1,0 bilhão anuais).
Essas são algumas das razões para se acreditar que seremos o “pomar do mundo”, como bem descreve a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS). E nem estamos considerando que há uma diversidade de frutas exóticas que se pode explorar, como o Umbu (ou Imbu, se preferir), proveniente da Caatinga. O fruto é doce e azedo ao mesmo tempo, originado do Umbuzeiro, “a árvore sagrada do sertão”.
Mas, estes são protagonistas da fruticultura que ainda estão por vir. Hoje, temos algumas estrelas que já fazem muito sucesso no exterior. Pode ser que muitos brasileiros ainda não as conheçam porque, de fato, grande parte dessas frutas de altíssima qualidade não ficam no Brasil e o motivo é óbvio: produtos melhores exigem mais cuidados e custam mais caro produzir. Para pagar o custo de produção, na maior parte das vezes, o mercado externo tem melhor preço de venda.
Aos poucos isso está começando a mudar. Salvo a crise que enfrentamos, causada pela pandemia do COVID-19, o brasileiro vinha aumentando seu poder aquisitivo e, consequentemente, buscando por produtos melhores, ainda que mais caros. Assim, produtos que não apareciam em supermercados estão cada vez mais presentes.
É o caso de melões e melancias produzidos pela Agrícola Famosa (Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia), pelas mangas produzidas pela Agrodan (Pernambuco e Bahia), pelas uvas produzidas pela Labrunier (Bahia e Pernambuco), entre tantas outras empresas e agricultores sertão a fora.
Você pode estar se perguntando: o sertão nordestino não é a região mais seca do Brasil, como ser o “pomar do mundo”? De fato, no semiárido nordestino raramente chove mais de 500mm no ano, seus solos são de forma geral pobres em matéria orgânica e as temperaturas facilmente ultrapassam os 30℃ de média. Mas, também é fato que com pouca água e tecnologia, pode-se transformar desertos em pomares.
Hoje, a irrigação por gotejamento não só é uma realidade para um produtor da Chapada do Apodi ou do Vale do São Francisco, como é a forma mais eficiente de se levar água e fertilizantes às raízes das plantas no momento certo e na quantidade correta.
Para que o sonho de uma terra árida se transforme em solos férteis e produtivos, não basta “jogar água”. Tudo começa por um bom projeto de irrigação e fertirrigação, com dimensionamento dos equipamentos adequados para proteção e eficiência do seu sistema de irrigação, respeitando os requisitos agronômicos da cultura e operacional das atividades de produção.
A instalação do sistema também é ponto chave do sucesso. Um bom sistema mal instalado pode atrapalhar mais do que ajudar! Procurar por empresas sólidas no ramo de irrigação e que tenham experiência para orientação correta é fundamental.
Instalado o sistema de irrigação e fertirrigação, mãos à obra! É imprescindível tomar as providências necessárias para manter a boa conservação dos equipamentos. Da mesma forma que um trator precisa de manutenção para continuar trabalhando bem, a irrigação possui equipamentos que carecem de atenção para manter sua boa performance, caso contrário você terá que realizar reparos muito antes do previsto, e isso significa que o dinheiro “sairá do bolso” mais rápido.
Por fim, mas não menos importante, o bom manejo de irrigação e fertirrigação são fundamentais para se atingir as produtividades desejadas e manter os custos controlados.
O excesso de água é prejudicial porque pode promover no solo uma saturação e impedir que as raízes respirem, o que é fundamental, acreditem. A falta de água? Bom, a falta de água eu nem preciso explicar. Seja no sertão ou em qualquer outro lugar do Brasil, quando se planta e a chuva não vem, o estrago é grande, na planta e no bolso!
Por Glayton Rocha, especialista agronômico, Netafim Brasil
Fonte: Grupo Cultivar