Entre as frutas que possuem produção na região de Rio Preto, a manga é a que tem maior potencial
As frutas têm produção em crescimento no Brasil, tanto no mercado interno como nas exportações, conforme aponta a Projeção do Agronegócio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período de janeiro a abril de 2021, o estudo mostrou ainda que foram 450 mil toneladas de frutas exportadas, o que gerou receita de US$ 422,3 milhões ao País. Na região Noroeste Paulista, segundo fruticultores e especialistas, a exportação é vista como positiva, já que impulsiona o mercado interno e favorece a rentabilidade com a produção.
Entre as frutas que se destacam na projeção do IBGE e que possuem produção na região, a manga é a que tem maior potencial para a exportação e atingiu receita de U$ 65 milhões para o país. Além da exportação, o levantamento estima ainda as maiores produções, em 2022 e para os próximos dez anos, para a banana (aumento de 5,8%), da uva (aumento de 12,2%) e da manga (de 23,7%).
Na análise do IBGE, o Brasil exporta ainda quantidades pequenas de frutas em relação à sua produção e também ao seu potencial. Para o engenheiro agrônomo do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Jales, Gilberto Pelinson, são muitas as exigências para a entrada de frutas em países como Estados Unidos e da União Europeia, o que exige maior investimento do fruticultor com o manejo das frutas, um fator que pode ser o entrave para a exportação.
Em Jales, maior polo produtor de uvas de mesa da região do Noroeste Paulista, Gilberto disse que as uvas ainda não são produzidas para a exportação, mas como há a exportação de estados do Nordeste do País, acaba favorecendo a produção nacional da uva para os produtores. “A maior exportação de uva no Nordeste abre mais espaço para o mercado nacional com a produção da região de Jales”, disse Gilberto.
Entre as dificuldades que o viticultor enfrentou, com clima desfavorável, instabilidades econômicas com a pandemia de Covid-19 e os altos custos dos insumos neste ano, a diminuição de áreas de plantio de uvas é estimada em cerca de 10%. “Mas por outro lado, os viticultores estão mantendo a produção com variedades de uvas que exigem menos mão-de-obra e custos mais baixos com a produção, o que reflete no bom potencial da fruta na região”. De acordo com o IBGE, o estado de São Paulo produziu 147,4 toneladas de uva em 2021.
Já a banana, na avaliação do IBGE, é a fruta que possui maior dispersão geográfica no País, ou seja, há produções em todos os estados brasileiros. Entretanto, os pesquisadores apontam São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Pernambuco como os principais estados produtores com 68,3% da produção nacional na safra 2021 de banana. Na região Noroeste de São Paulo, os municípios de Jales, Fernandópolis e Votuporanga concentram 59,3% do total do estado em áreas novas da cultura, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Produção em expansão
Na projeção do IBGE, para os próximos 10 anos há um aumento da produção de manga nos pomares brasileiros, sendo a exportação considerada mais um avanço para o investimento do produtor. No ranking de projeção de expansão da fruticultura, a manga está em segundo lugar, com perspectiva de aumento de 23,7%. Aa primeira colocação é do melão, com aumento de 30,6%.
Assim como a uva, a manga produzida na região do Noroeste Paulista se concentra mais no mercado interno, mas o produtor Maurício Ranolfi também vê com bons olhos o crescimento da exportação brasileira da fruta. “O estado da Bahia exporta bastante a manga, o que para nós, aqui da região, é muito bom porque é menos concorrência de mercado”, afirma.
Neste ano, Maurício destacou que a produção de 20 mil árvores de manga foi muito afetada com o clima, principalmente com a geada que causou prejuízo para o fruticultor. E o bom manejo com as plantas são essenciais para manter a fruta na prateleira. “Hoje, quem não faz um bom manejo, principalmente para o desaparecimento das doenças na manga, fica fora do mercado”. (CC)
Banana é destaque no Estado
O engenheiro agrônomo e especialista em bananicultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Wilson da Silva Moraes, disse que o estado de São Paulo tem potencial para a produção anual de 1,0 milhão de banana, sendo o principal estado produtor da fruta. Para ele, o produtor que investe mais em tecnologia consegue maior rentabilidade com a fruta.
Ele prevê ainda que a exportação da banana pode ser atrativa para o produtor, frente à crescente valorização do dólar. “Ainda temos poucas informações sobre a exportação da banana, já que o Brasil exporta muito pouco, cerca de 1% da produção da fruta”, avaliou Wilson.
Há a preocupação também, com as pragas e doenças que atingem a banana, segundo o especialista, e que podem erradicar bananais inteiros. No mês de agosto deste ano, Wilson e equipe técnica do Mapa visitaram os pomares de banana das regiões de Jales e de Fernandópolis para alertar sobre a doença Raça 4 Tropical da Fusariose da Bananeira.
“O Brasil é livre da Raça 4 da Fusariose, mas como a doença já atingiu países como a Colômbia e o Peru, estamos percorrendo várias propriedades que produzem a banana para alertar sobre os riscos da entrada da doença no Brasil, o que pode comprometer o cultivo da banana em todo o País”, ressalta Wilson.
O produtor Marcelo Franzine investiu na plantação de banana nanica e maçã, com 40 mil plantas, nos últimos três anos. Ele possui, atualmente, 18 mil pés da fruta em produção e acredita no potencial da banana no Noroeste Paulista. “A região é um grande consumidor da fruta, isso nos motiva a investir na produção da banana”, diz Marcelo.
O maior desafio para a produção de banana, de acordo com Marcelo, é o clima. “O tempo seco, geada e ventanias são as maiores preocupações no manejo do bananal”, disse o produtor. No entanto, com o manejo correto e o investimento em irrigação, Marcelo afirmou que é possível manter uma boa produtividade, de 21 mil caixas da fruta por ano. (LM)
Novas cultivares de uva
A tendência para aumentar a produção de uva no principal polo produtor da fruta, em Jales, deve ocorrer com os investimentos em cultivares que resistam mais a pragas e doenças, e principalmente, que consigam manter menos mão-de-obra e custo baixo com o parreiral.
Na propriedade de Carlos Tinelli, o cultivo de variedades de uvas finas, como itália e benitaka, está dando espaço para variedades como vitória, núbia e isis, exatamente pelas melhores condições de rentabilidade com novas variedades.
“Diminuí em 70% o cultivo das uvas finas e resolvi investir mais nas novas variedades, que são as uvas sem semente, como a vitória, que está agradando muito o gosto do consumidor”, diz Tinelli. Além disso, Tinelli acredita que essas novas variedades têm uma produtividade maior, o que interfere diretamente na rentabilidade do viticultor. (CC).
Fonte: Diário da Região