Previsão é de aumento de 20,53% em relação à safra anterior
A safra de laranja 2022/23 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, principal região produtora de laranja do mundo, é estimada em 316,95 milhões de caixas (40,8 kg), de acordo com o anúncio feito pelo Fundecitrus nesta quinta-feira, 26 de maio. O crescimento é de 20,53% em comparação à safra anterior (finalizada em 262,97 milhões de caixas), o que representa um aumento de 1,11% em relação à média de produção dos últimos dez anos. A perspectiva de uma safra melhor indica que, no geral, os pomares conseguiram se recuperar das adversidades climáticas, incluindo seca e geada, que ocorreram em 2020 e 2021 e provocaram duas safras pequenas consecutivas.
De acordo com o coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) do Fundecitrus, Vinícius Trombin, o resultado desses anos foi a descontinuidade do ciclo bienal de produção, caracterizado pela alternância anual entre safras altas e baixas. “As chuvas registradas nos últimos meses tiveram papel fundamental para a composição dessa expectativa de produção. Se esse número se confirmar, finalmente, será observada a passagem da bienalidade negativa para positiva”, explica.
Chuvas e fruto
O retorno das chuvas no início de outubro de 2021 e a manutenção das precipitações de forma bem distribuída, com temperaturas do ar abaixo da média histórica, contribuíram para a regularização do nível de umidade do solo. A precipitação média acumulada no cinturão citrícola teve volume 22% abaixo da normal climatológica, mas 16% maior do que o acumulado no mesmo período do ano anterior. “Portanto, graças às condições climáticas melhores, a maioria das laranjeiras do parque citrícola exibe uma boa carga de frutos e laranjas com peso maior do que as da safra passada neste mesmo estágio de desenvolvimento”, reforça Trombin.
Esse cenário positivo em relação à temporada anterior deve se manter até o encerramento da safra, por isso, a projeção é que o peso médio das laranjas no ponto de colheita chegue a 158 gramas, 10,49% acima da safra passada, mas 3,66% abaixo da obtida nos últimos sete períodos. A produtividade média, nesta temporada, é estimada em 920 caixas por hectare e 1,86 caixas por árvore, contra as 760 caixas por hectare e 1,58 por árvore colhidas na safra 2021/22. O número médio de frutos por árvore em maio de 2022, sem considerar a queda que ocorrerá ao longo da safra, é mensurado em 668, o que representa um incremento de 4,5% em relação à safra passada. O número médio de frutos por árvore pode variar em 19 unidades para mais ou para menos. Em relação à produtividade por setor, o Sudoeste, que inclui as regiões de Avaré e Itapetininga, deve apresentar o maior índice, com 1.107 caixas por hectare, recuperando-se da queda de 21,4% que ocorreu na safra passada. Para o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, a previsão de aumento na produção é resultado de um trabalho constante. “A nova safra promete ser pujante para os produtores, mesmo diante de desafios que são inerentes à citricultura. O setor tem o privilégio de contar com a experiência dessas pessoas que, historicamente, têm levado nossa citricultura ao sucesso contínuo”, afirma.
Raio-x do parque citrícola
Em 2022, o Fundecitrus atualizou os dados do Inventário de árvores, que mapeia todo o cinturão citrícola e oferece um raio-x da citricultura de SP e MG. As árvores produtivas totalizam 169,97 milhões e ocupam uma área de 344.389 hectares. Esses valores representam um crescimento de 3,41 milhões de árvores, equivalente a 2% sobre o inventário de 2021, e uma redução da área produtiva em 0,50%, evidenciando o efeito do adensamento de plantas que ocorreu nos últimos anos.
De acordo com o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, para o inventário deste ano, o mapeamento georreferenciado, realizado pela primeira vez em 2015 e renovado em 2018, passou por uma atualização completa para a composição do trabalho. “Trata-se um investimento muito importante para que possamos conhecer cada vez melhor todo o nosso cinturão citrícola e as mudanças que ocorrem nessa área. As informações ajudam a nortear decisões relacionadas aos investimentos dos citricultores. Quanto mais conhecermos o cinturão, mais efetivos seremos no trabalho dentro e fora do pomar”, comenta.
Queda de frutos
A taxa de queda média projetada é de 20%. Essa taxa é aplicada sobre o número de frutos que se encontra nas árvores em maio de 2022, momento em que os
dados foram computados. Se esse percentual for confirmado ao longo dos próximos meses, estará abaixo apenas das taxas observadas nas últimas duas safras, quando as condições climáticas foram severas. O principal motivo dessa projeção é a intensificação dos problemas fitossanitários, como o aumento da incidência de laranjeiras com sintomas de greening no cinturão citrícola, que passou de 20,87% em 2020, para 22,37% em 2021, associado a sérios problemas com bicho-furão e moscas-das-frutas, pinta preta e leprose.
A realização da Pesquisa de Estimativa de Safra conta com a cooperação da Markestrat, FEA-RP/USP e FCAV/Unesp.
Fonte: FUNDECITRUS