O Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro, realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), promoveu, na terça (25), uma live para apresentar os resultados no setor de fruticultura.
Os levantamentos foram feitos com produtores de limão, abacate e uva dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em 2022, e mostram a composição dos custos de produção, os impactos dos fertilizantes e mão de obra nesses custos e análise econômica da atividade.
Para a produção de abacate no município de Piraju (SP) foi definida uma propriedade modal de 30 hectares, com produtividade de 14,6 toneladas por hectare. Nesse modal, os fertilizantes representaram 39% do Custo Operacional Efetivo (COE) e a mão de obra 25%.
No debate, a assessora técnica da CNA, Letícia Barony, afirmou que o levantamento de custos de produção é importante para observar um histórico das cadeias produtivas entre as safras, a oscilação dos custos e retornos econômicos, além de permitir melhor entendimento sobre o pacote tecnológico utilizado.
“As informações apresentadas não são úteis apenas para os produtores, mas também para toda a sociedade, principalmente para entender os desafios e oportunidades da cadeia produtiva, valorizando o setor que é tão importante para a segurança alimentar”.
O pesquisador do Centro de Inteligência em Gestão e Mercados da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA), Matheus Mangia, também apresentou os resultados dos painéis de limão, a lima ácida tahiti, realizados nos municípios de Jaíba (MG) e Urupês (SP). Segundo os dados, a produtividade em Jaíba é de 1.500 caixas de 20 quilos por hectare. Já em Urupês, a produtividade é de 1.985 caixas de 27,2 quilos por hectare.
“Em ambas regiões, o sistema de cultivo é irrigado e semimecanizado. Em relação ao COE, 32% é composto pela mão de obra em Jaíba e 36% em Urupês. Já fertilizantes representa 23% do COE nas duas regiões”, disse Matheus.
Os custos de produção da uva foram levantados em Bento Gonçalves (RS), Marialva (PR), Pilar do Sul (SP) e Tangará (SC). Em todos os modais, a mão de obra lidera a composição do COE. Gastos gerais, que incluem condução da lavoura e colheita, são itens que oneram o produtor de uva. “Em todas as regiões, observamos que a Receita Bruta do produtor não supera o Custo Total da atividade”, explicou o pesquisador.
Durante a live, a pesquisadora de Frutas do Hortifrúti/Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Fernanda Geraldini, apresentou um panorama da produção brasileira de uva e limão e os desafios das cadeias produtivas. Ela destacou que diante dos resultados, é possível afirmar que o aumento dos custos de produção tem refletido na receita do fruticultor.
“O primeiro semestre deste ano foi desafiador para os produtores de uva do Vale do São Francisco. O excesso de chuvas refletiu na produtividade da fruta e nos custos com insumos devido à umidade. Esse cenário impactou na qualidade da uva e na oferta nacional e, consequentemente, no preço”.
A pesquisadora explicou que os preços estiveram acima da média, mas por outro lado a produção foi menor, impactando na receita dos produtores. “Em paralelo, as exportações da fruta também foram impactadas, registrando queda de 40% entre janeiro e setembro de 2022, em relação ao mesmo período de 2021”.
Para a lima ácida tahiti, a flutuação de oferta e preços de mercado conforme o esperado, segundo Fernanda. “Geralmente os preços da fruta são mais baixos no primeiro semestre, em razão da maior concentração da safra, e mais altos no segundo. Outro ponto importante que tem influenciado na limitação dos preços, especialmente no primeiro semestre, é o aumento da área plantada da fruta em São Paulo, predominantemente não irrigado e com safra concentrada. A área subiu mais de 30% em pouco mais de 5 anos”.
Participe das lives e tenha acesso exclusivo às análises de custos por atividade agropecuária.
Fonte: CNA