Os dois mercados, no entanto, possuem perspectivas de tempo diferentes de negociação para os empresários cearenses.
De acordo com Viana, o acesso ao comércio chinês, que ainda depende do transporte de frutas por avião, deverá ser uma realidade apenas no longo prazo. Viana explicou que ainda não há tecnologia para o transporte de frutas para a China no tempo necessário usando o modal aquático. Além disso, não há no momento formas de fazer a viagem usando os equipamentos de refrigeração e conserva das frutas disponíveis hoje.
Apesar das dificuldades, o mercado chinês já é apontado como tendo um grande potencial de negócios para as empresas locais.
“Um mercado a ser explorado, mas que ainda depende de novas tecnologias é a China. Existia um bloqueio do Brasil e China de negociar a entrada de frutas, e não tínhamos permissão para exportar melão, então é um grande fator a ser explorado a partir de agora. Contudo, não temos uma linha marítima para o melão chegar no “shelf life” (prazo de validade para ser vendido em prateleiras) necessário ainda”, explicou.
MERCADO NO ORIENTE MÉDIO
Já o Oriente Médio deverá começar a dar resultados mais claros já nos próximos anos, a partir de negociações relacionadas aos serviços de transporte de mercadorias.
Como foi relatado pela coluna na semana passada, o Porto do Pecém retomou o serviço de exportação de frutas para portos no mar Mediterrâneo, operado pela MSC (Mediterranean Shipping Company).
A linha leva os produtos cearenses (e de outros estados do Nordeste) para cidades na Itália e Espanha, e de Barcelona oferecerá a opção de uma espécie de conexão com portos em Países do Oriente Médio.
Durante a feira em Madrid, apesar das dificuldades do mercado de lá, Viana espera que negócios possam ser fechados e as frutas cearense possam chegar aos portos no Oriente Médio.
“A gente tem excelentes perspectivas durante a feira e estamos acompanhando isso desde abril quando acompanhamos a Fruit Logística, e temos visto a preocupação com a inflação na Europa, mas isso não está atrapalhando a exportação e consumo do melão, mas exportamos também uva e manga de outras regiões do Nordeste”, disse Viana.
“Temos uma perspectiva de aumento das exportações também porque temos uma perspectiva de podermos entrar no mercado do Oriente Médio a partir dos serviços que já temos”, completou.
RESULTADOS DO PORTO
Apesar das sinalizações de abertura de novos mercados, o Porto do Pecém deverá terminar o período da safra de 2022 com uma estabilidade no volume e valores movimentados pela exportação de frutas, podendo registrar apenas um leve aumento.
Viana explicou que o desequilíbrio das cadeias produtivas e do preço do frete ainda gera muitos impactos para as empresas exportadoras e para os resultados do Porto do Pecém.
Contudo, ele destacou que os preços do frete têm registrado redução de patamar nos últimos meses e o cenário pode ajudar a impulsionar o mercado de exportação.
“Temos, talvez, uma perspectiva de pequeno aumento ou manutenção da movimentação de frutas por conta dos desafios que independem do Porto, como a pandemia, o conflito na Ucrânia. Mas tivemos a manutenção das duas linhas no Pecém que estamos agora concretizando, e isso é muito importante para as operações do Complexo”, comentou.
“O trigo e tudo aumentou, os fretes há um ano estiveram em um patamar muito maior que agora, e temos tido redução ainda que menor que tivemos no aumento durante a pandemia. Grandes consultorias apontam uma redução do custo dos fretes, e estamos nos preparando para acompanhar essas movimentações para ajudar os produtores”, completou Viana.