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Produtor de Vila Palanque aposta na irrigação para garantir a colheita das frutas

Com a aproximação do fim do ano e para não correr risco com a possibilidade de uma nova estiagem no verão, muitos agricultores, independente da atividade, têm investido cada vez mais na irrigação. A medida abrange desde as hortaliças (já comum) até o tabaco (ainda não tão presente).

Em Venâncio Aires, onde a fruticultura foi um dos destaques nas últimas temporadas devido à produção (veja abaixo), o desafio é garantir que as frutas continuem ‘vingando’ bem. Para isso, boa parte da segurança no cultivo passa pela água. Sabedor dessa necessidade, um agricultor de Vila Palanque entendeu que precisava investir em um sistema de irrigação.

“A seca destruiu todo o figo no ano passado. Para esse ano, não quero perder de novo.” O relato é de Dirceu Luiz Hinterholz, 63 anos. É em um hectare na região do barro vermelho, que ele e a esposa, Cleria, 60 anos, apostaram no cultivo de frutas, há quatro anos.

Receoso de uma nova estiagem, Hinterholz aproveitou o açude que tem na propriedade, mais o crédito para financiar R$ 10 mil. A mão de obra foi dele mesmo, puxando madeirame, canos, 800 metros de mangueiras e os aspersores, que ficam suspensos e em rotação, esguichando água sobre os pés de pêssego, uva, figo, amora e, em 2022, em caquizeiros e pés de repolho. “É até bonito de ver. Parece pouca água, mas isso irriga tudo muito bem”, destacou, orgulhoso.

Com o sistema, Hinterholz acredita que pode superar a produtividade do ano passado. No pêssego, por exemplo, que já está maturando, foram 1,8 mil quilos em 2021 e da amora, cuja colheita é em novembro, foram 350 quilos. “Uva também acho que vai bem. Ano passado deu 800 quilos, com cachos do tamanho dos que vemos na Festa da Uva [referência ao evento de Caxias do Sul].” Além dos caquis, plantados neste ano, Dirceu e Cleria também apostaram no repolho. Será o primeiro item vendido à Ceasa, já que as demais hortaliças, até então, eram apenas para consumo próprio.

Quanto às frutas cultivadas, incluindo a produção de meia dúzia de abacateiros, o agricultor vende diretamente ao consumidor, percorrendo o município de ponta a ponta. “Aqui tem opção de fruta de diferentes épocas, então tem o ano inteiro.”

Cleria e o marido mantêm 80 pessegueiros. Em 2021, foram 1,8 mil quilos colhidos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Experiência na Serra

Dirceu e Cleria Hinterholz são naturais de Vila Palanque, mas durante 25 anos estiveram longe de Venâncio, morando em Nova Araçá, na Serra Gaúcha. Lá, Cleria trabalhou na indústria e Dirceu era funcionário público. “Trabalhei muito tempo no viveiro municipal, então me chamou atenção a agricultura de lá. Já no início dos anos 1990, eles diversificavam. Tinham gado de leite, frango e suínos, mas sempre com espaço para frutas. E eles consomem muita fruta também”, relatou.

Assim, quando o casal se aposentou e voltou para o Palanque para cuidar de Leonícia, mãe de Dirceu e hoje com 86 anos, recebeu de herança um hectare de terra. Foi nessa área, onde antes crescia apenas capoeira (vegetação), que os Hinterholz passaram a cultivar frutas, aproveitando o que aprenderam com os descendentes de italianos na Serra e contribuindo para a diversificação agrícola de Venâncio Aires.

Fruticultura

• De forma geral, a fruticultura em Venâncio Aires cresceu em área plantada, em famílias produtoras e em venda. Em 2020 eram 418 hectares, passando para 430 hectares em 2021.

•Além disso, mais famílias aderiram às frutas, como limão, laranja, bergamota, pêssego, nozes, ameixa, abacate, pitaya, figo e caqui (como os Hinterholz), como uma forma de incremento na propriedade – 272 para 287 no último ano.

• Na comercialização, também houve aumento: de R$ 408,7 mil em 2020 para R$ 483,7 mil em 2021, de contribuição dentro do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA).

Fonte: Folha do Mate