A maçã está entre as frutas mais consumidas em todo o mundo, desde a forma in natura até produtos processados. Em números mundiais, os produtores entregaram 86,5 milhões de toneladas em 2020, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Em função desse volume, o bagaço da fruta – um dos subprodutos – pode entrar na lista de matérias-primas para a produção de biogás, criando uma economia circular no setor.

Os dados são da reportagem do site Ciclo Vivo e mostram que os pesquisadores brasileiros já estão trabalhando nessa alternativa energética renovável. Quem puxa os estudos são cientistas da Unicamp e da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Em números de geração, a pesquisa indica um rendimento de 36,61 litros  de metano por quilo de sólidos removidos, o que pode gerar 1,92 quilowatt-hora de eletricidade e 8,63 megajoules de calor por tonelada de bagaço de maçã. E mais: a bioenergia recuperada pela indústria com o uso do subproduto poderia fornecer 19% de eletricidade e 11% de calor nos gastos operacionais do reator.

Biorrefinaria anaeróbica para maçã virar biogás

Tânia Forster Carneiro, pesquisadora e professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, atuante na área de bioengenharia e biotecnologia, é uma das cientistas envolvidas na pesquisa. Ela aponta a biorrefinaria com tecnologia de digestão anaeróbia como solução para geração de energia elétrica e térmica com uso de bagaço, reduzindo emissões de gases de efeito estufa e valorizando o resíduo, convertido em adubo orgânico no final.

Segundo ela, a digestão anaeróbia do tipo seca, que gera concentração total de sólidos dentro do reator acima de 15%, tem destinação mais adequada do que o envio do bagaço para aterros sanitários.