As exportações brasileiras de frutas bateram recorde em 2023 e totalizaram US$ 1,34 bilhão, com uma alta de 23,5% em relação ao ano anterior e deverão seguir neste ano essa tendência de crescimento, impulsionadas pelo aumento da demanda global e por frutas brasileiras de alta qualidade.
O prognóstico otimista foi feito pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, em entrevista exclusiva ao Comex do Brasil por email.Na busca desse crescimento sustentável, o posicionamento estratégico do setor será consolidar os volumes para a União Europeia, principal mercado para as frutas brasileiras no exterior e buscar a ampliação da inserção no mercado asiático, com frutas de alto valor.
Nesse contexto, segundo Guilherme Coelho, “as frutas serão transportadas por aviões, criando demanda para a futura consolidação de linhas marítimas diretas e mais rápidas.
Os mercados alvo na Ásia seriam a China, Coreia do Sul, Japão, Índia e países da Asean”.O reforço do transporte pela via aérea se apresenta como a melhor forma de levar as frutas brasileiras para a China e países asiáticos no geral, onde o produto enfrenta alguns desafios, entre eles, questões relacionadas à logística.
Segundo Guilherme Coelho, “o tempo de trânsito hoje no modal marítimo para os países asiáticos é de aproximadamente 45 dias, considerando as operações portuárias. As frutas se comportam satisfatoriamente, mantendo a qualidade, até 32 dias, na média das espécies. No transporte aéreo, mais rápido, somente as frutas de alto valor têm viabilidade comercial, pois o custo {do frete} é muito mais elevado. No entanto, a Abrafrutas está trabalhando para superar esses obstáculos na busca por soluções logísticas mais eficientes, com novas tecnologias e posicionamento de produtos para os mercados localizados a longas distâncias”.
Ao mesmo tempo em que busca soluções para os problemas logísticos, a Abrafrutas planeja uma estratégia para aumentar as exportações das frutas brasileiras envolvendo uma série de iniciativas, incluindo a participação em feiras internacionais, rodadas de negócios e a realização de promoção e marketing do Brasil.
Em relação à participação em grandes feiras internacionais, a Abrafrutas terá atenção especial para a Fruit Attraction São Paulo, a ser realizada em abril na capital paulista.
A feira é considerada pelo presidente da Associação “uma oportunidade única para promover as frutas brasileiras no mercado nacional e internacional. A Abrafrutas está entusiasmada com o evento e espera que os produtores realizem negócios significativos durante a feira, além de fortalecer parcerias comerciais e estreitar relacionamentos com clientes e parceiros”.
Guilherme Coelho afirma, categórico, que “demanda não tem sido um problema significativo. Contudo, temos que expandir a base de fornecedores e exportadores, no sentido de atendê-las e criar dificuldades para novos países entrantes concorrentes, consolidando nossa imagem como um dos mais confiáveis fornecedores de frutas tropicais no mundo”.
A meta é transformar o Brasil em grande exportador
O grande desafio que se coloca à fruticultura nacional é fazer com que o Brasil, terceiro maior produtor de frutas do mundo -atrás apenas da China e Índia- suba posições importantes no ranking mundial dos maiores exportadores do segmento, no qual o país ocupa apenas a 24ª. posição em exportações.
De acordo com o dirigente da Abrafrutas, “para se ter uma ideia, o Brasil exporta aproximadamente 3% do que é produzido no país, apesar de sua grande potencialidade. Uma das principais razões para esse desempenho ainda modesto é que, diferentemente de muitos países concorrentes, nosso mercado interno é gigante e absorve a maior parte do volume produzido com preços e condições comerciais competitivos com o mercado internacional”.
O exemplo que vem do vizinho Chile
Quando se fala sobre exportação de frutas pelos países na América Latina é praticamente inevitável uma comparação entre o Chile, um dos maiores exportadores mundiais e que, de janeiro a outubro do não passado enviou a países de todos os continentes fruas no valor de US$ 4,360 bilhões, e um Brasil ainda muito distante de um lugar de destaque entre os grandes players do mercado internacional.
Segundo Guilherme Coelho, “o Chile possui uma longa tradição e experiência no mercado de exportação de frutas, além de investimentos significativos em infraestrutura, logística e nas tecnologias de produção que geram frutas de alta qualidade”.
Além disso, o executivo destaca que, também ao contrário do Brasil, o Chile, com uma população de cerca de 20 milhões de habitantes -mais de dez vezes inferiores à do Brasil-, tem um mercado interno infinitamente inferior ao brasileiro e por isso definiu há muito tempo o mercado internacional como política de Estado.
Nesse contexto, afirma Guilherme Coelho, “a Abrafrutas reconhece a importância de aprender com o modelo chileno e está constantemente buscando formas de aprimorar a competividade das frutas brasileiras nos mercados internacionais, trabalhando paralelamente a formação empresarial dos produtores”.
Fonte: Comex do Brasil