Agricultores relatam que não conseguem mais controlar a doença com a mesma eficiência de antes
No final de abril, os pesquisadores do Instituto Biológico (IB-APTA) Ricardo Harakava e César Bueno estiveram presentes no evento Atemoia Tec, que aconteceu no Sítio DLM, em Capão Bonito.
A participação dos pesquisadores do IB, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, esteve atrelada aos estudos que ambos vêm desenvolvendo na caracterização e enfrentamento à nova forma de antracnose que tem afetado a cultura no estado desde 2018.
Sendo causada por fungos, a doença (também chamada de podridão negra dos frutos) tem se mostrado um particular desafio para os produtores de atemoia, que não têm mais conseguido controlá-la com a mesma eficiência de antes.
Em sua apresentação, Harakava contou aos produtores e demais representantes da cadeia produtiva como o IB conseguiu isolar e identificar o agente causal dessa forma específica de antracnose, a partir de amostras coletadas junto aos produtores pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), também da Secretaria de Agricultura.
De acordo com as informações da Secretaria de Agricultura de São Paulo, foram utilizadas técnicas de sequenciamento genético para descobrir que a doença era causada por uma linhagem específica do fungo Colletotrichum theobromicola.
Sendo a anteriormente detectada na Colômbia, a linhagem GM52-L02 é bastante severa para a atemoia, pois é diferente das outras já vistas em nosso país. O que ajuda a explicar porque os métodos de controle comumente usados não estavam surtindo o mesmo resultado. O trabalho de identificação, enfatizou Harakava, é importante no sentido de conhecer qual é o “inimigo” a ser combatido.
Possíveis soluções
Dando sequência à apresentação, o pesquisador César Bueno passou a abordar as possíveis vias de ação para melhor enfrentamento do problema. Segundo ele, as estratégias de manejo disponíveis no momento visam possibilitar que o produtor conviva com a doença, pois sua completa eliminação é muito difícil.
As práticas, de acordo com o especialista, focam no manejo adequado, incluindo podas e adubação, além da aplicação correta dos fungicidas, a fim de maximizar sua eficácia.
Bueno apresentou também aos presentes as alternativas de controle biológico disponíveis, que podem atuar no controle direto do fungo ou na promoção do crescimento das plantas.
Fruto de décadas de pesquisas do IB, os produtos biológicos utilizam outros microrganismos (como fungos ou bactérias) enquanto agentes de controle. Como ressaltou o pesquisador, seu emprego é bastante seguro e auxilia o produtor a evitar resíduos químicos nos frutos comercializados – o que é essencial principalmente para a exportação.