União Europeia recebe 74% da manga exportada pelo Vale do São Francisco
Produção sustentável da manga foi o fio condutor da Expo Manga, que reuniu cerca de 1 mil pessoas em Petrolina — Foto: Aline Oliveira/Vereda Comunica
Cerca de 74% das frutas exportadas pelo Vale do São Francisco são escoadas para países da União Europeia, de acordo com dados da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas). Essa enorme demanda exige muita atenção, já que os europeus lideram vários debates ligados às chamadas estratégias ESG, sigla em inglês que significa ambiente, social e governança.
Isso significa que os produtores precisam ficar cada vez mais atentos às suas práticas que garantam a sustentabilidade de suas produções: ela é uma exigência do seu maior mercado consumidor e isso impacta o modelo de negócio do produtor.
Como cerca de 70% de toda a produção de frutas para exportação no Brasil acontece no Vale do São Francisco, a região precisa ficar ainda mais atenta às mudanças nos critérios dos compradores.
Práticas no campo e no RH
Todos esses dados e reflexões nortearam a programação da edição 2024 da Expo Manga, que aconteceu em Petrolina dos dias 25 e 26 de julho, reunindo cerca de 1 mil pessoas entre produtores e fornecedores de tecnologias voltadas à cultura da manga. A programação contou com três mesas, envolvendo 16 palestrantes que apresentaram diversos aspectos relacionados às soluções e desafios para uma produção de manga cada vez mais sustentável.
Olhar atentamente para estas questões e se antecipar pode representar uma grande vantagem que tem impacto direto no crescimento dos negócios com os mercados mais importantes. Esses clientes estão exigindo a comprovação de boas práticas agrícolas e gestão moderna de Recursos Humanos, por exemplo.
Produção sustentável da manga foi o fio condutor da Expo Manga, que reuniu cerca de 1 mil pessoas em Petrolina — Foto: Aline Oliveira/Vereda Comunica
Efeito no próprio campo
Um dos pilares da produção de frutas no Vale do São Francisco é afetado diretamente pelas mudanças climáticas: as chuvas, que estão com comportamento que gera muita incerteza para os produtores. Por isso, os especialistas que fizeram palestras na Expo Manga foram unânimes em alertar: o próprio produtor sofre as consequências de práticas que não protegem o meio ambiente.
Mesmo que um volume de carbono no ar seja, a princípio, interessante para a mangueira, já que ela vai fazer mais fotossíntese, esse volume também eleva a temperatura, que afeta diretamente o metabolismo da planta, prejudicando diretamente a produção.
Solo e irrigação equilibrados
Olhar para o solo também é uma forma de garantir a sustentabilidade da cultura da manga, já que ele é o lugar natural do carbono. Melhorar a quantidade e qualidade da biomassa e melhorar a riqueza e funcionalidade dos microrganismos úteis são algumas estratégias que tornam a cultura mais eficiente e mais sustentável.
O uso adequado de sistemas de irrigação também é um ponto importante para dar mais sustentabilidade à cultura. Com as tecnologias mais modernas, foi reduzida a pressão da bomba, por exemplo, garantindo eficiência que reduz as perdas, porque o volume de água necessário para produzir a manga cai.