Apesar do custo, transporte aéreo ganha espaço no envio de produtos perecíveis
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Pixabay
As exportações de frutas do Brasil para a Europa registraram aumento expressivo no primeiro trimestre de 2025, impulsionadas por mudanças logísticas no comércio internacional e pelo aumento da demanda global. Somente entre os aeroportos de Viracopos (Brasil) e Lisboa (Portugal) o volume transportado pela Azul Cargo aumentou 14%, saindo de 1.130 toneladas em 2024 para 1.285 toneladas em 2025. Os destaques vão para a manga e o mamão papaia que hoje representam a maior parte da carga de frutas enviadas por essa rota.
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o crescimento foi ainda mais acentuado em nível nacional.
“No primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, nós tivemos um aumento de volume na ordem de 20% a 25% nas exportações de frutas frescas por todo o Brasil”, afirmou Alexandre Duarte, que é representante da associação.“Não só por Campinas ou Guarulhos, mas por todos os aeroportos: Recife, Salvador, Fortaleza, Rio”, completou.
Segundo Duarte, além do crescimento no volume, os preços também subiram cerca de 5% em relação ao ano anterior. Um dos principais fatores por trás dessa alta é o conflito na região do Mar Vermelho, que tem desviado rotas marítimas, encarecido o transporte e gerado congestionamento nos principais portos da Europa.
“Navios que faziam a rota em 20 dias passaram a fazer em até 45 dias, quando não há atrasos”, explicou ele. “Determinados produtos não são compatíveis com esse tempo de transporte, e a alternativa do aéreo passa a ser viável.”
“Crescer está crescendo, mas por inércia, não por capacidade do país. O que nos falta é a infraestrutura interna de portos e aeroportos, de fiscalização em geral seja da parte veterinária, da parte agronômica e da parte federal, da parte da alfândega. As pessoas têm que estar mais alinhadas para o futuro, porque o aumento da demanda está indo na contramão da infraestrutura do país”, diz.
Outro desafio apontado é a concentração de aeronaves na região Sudeste. “A produção está no Norte e Nordeste do Brasil, mas a logística aérea está concentrada no Sudeste”, destaca o representante da Abrafrutas. Segundo ele, 70% da produção voltada à exportação está localizada no Vale do São Francisco. Ainda assim, os voos cargueiros tendem a se concentrar em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por estarem próximos a centros industriais e a maior demanda de importações.
Entretanto, há avanços. Duarte vê com otimismo a ampliação da malha aérea internacional no Norte e Nordeste.
“Hoje já temos voos saindo de Fortaleza, Recife, Natal e Salvador. Isso ajuda demais a nossa exportação, porque você consegue ter a aeronave mais próxima da produção, o que viabiliza o transporte e a qualidade dos nossos produtos exportados”, conclui o representante.
Fonte: EPTV Globo