Antes da febre do doce da temporada, sítios abrem espaço para ‘colheita turística’ no Espírito Santo
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_afe5c125c3bb42f0b5ae633b58923923/internal_photos/bs/2025/U/2/Qg8KWIRSiAlsMbcrcB7w/morango.jpg)
Uma cestinha e uma tesoura são suficientes para se viver uma experiência deliciosa em plantações de morangos nas Montanhas Capixabas, no sul do Espírito Santo, com ou sem a “febre” do morango do amor. A colheita da fruta, com pagamento por quilo, virou atração turística na região.
No município de Castelo, a um quilômetro da Igreja de Forno Grande, fica o sítio Empório do Morango, da família Kuster, que recebe visitantes nos fins de semana e feriados para a prática da colheita de morangos frescos. Outros quatro sítios na região também oferecem a opção “colha e pague”, e alguns abrem a partir de quarta-feira.
Agora, eles cultivam 26 mil plantas hidropônicas em 20 estufas, ladeadas por uma perfumada plantação de lavanda. A flor aromática atrai milhares de abelhas, que garantem a polinização do morango.
Graças ao bom planejamento da produção, há frutas maduras nas estufas ao longo de todo o ano. Durante o inverno, o ciclo entre o plantio e a colheita do morango estende-se por 90 dias. No verão, bastam 60 dias.
Jefferson e Joyce, os filhos do casal, formaram-se em administração e direito, respectivamente, e voltaram para o campo para ajudar nas atividades do sítio. Com o trabalho deles, dos pais e de sete funcionários, os Kuster recebem de 500 a 600 pessoas por fim de semana para a colheita do morango. Cada quilo que os visitantes colhem sai por R$ 35.
Jefferson conta que os turistas levam quase todos os morangos maduros e que praticamente não há desperdício na colheita, mesmo com a liberação da entrada de crianças nas estufas. Os plantios mais novos geram morangos maiores e bem doces, que chegam a pesar até 92 gramas (a reportagem colheu e comeu um morango de 77 gramas), mas o peso médio de cada fruta é de 30 gramas. O que sobra vai para os supermercados na segunda-feira.
O plantio dos pés de morango ocorre em bolsas plásticas (os “slabs”) com palha de arroz e casca de pinus, que recebem fertirrigação duas vezes por dia. A família não usa defensivos químicos, apenas biológicos. Cada planta suspensa produz cerca de dois quilos por ano, ou quase o triplo do plantio anterior, no chão, que gerava 700 gramas, em média.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_afe5c125c3bb42f0b5ae633b58923923/internal_photos/bs/2025/i/Y/T8iAiKQnuE5dOr7AckiA/morango-2.jpg)
Com as estufas, diz Jefferson, as plantas ficam protegidas contra pragas, chuvas, ventos e geadas, mas as estruturas precisam ter abertura lateral para que os polinizadores possam entrar. As estufas também permitem ao produtor controlar temperatura e umidade.
Graças a esse controle e à fertirrigação, sistema que garante nutrição correta e economia de água, a produtividade por planta é bem superior à média.
A família investiu R$ 390 mil no sistema. Segundo Jefferson, o desembolso valeu muito a pena porque, com o aumento da renda, toda a família pôde se fixar confortavelmente no campo. Os Kuster também investiram em estrutura de petiscaria e restaurante para receber os visitantes.
Estão no cardápio a torta de aniversário de morango, sobremesa tradicional do Empório – e, claro, mais recentemente, o morango do amor.
Joelma conta que, nas últimas semanas, eles precisaram comprar frutas de outros produtores para produzir o morango do amor sem deixar o sistema colha e pague desabastecido. O visitante pode levar para casa também geleias e licores de morango que o Empório produz.
Até o lavandário gera renda extra. O espaço, que começou com uma cerca viva da propriedade, agora é também um ambiente que se pode alugar para a realização de casamentos e chás-revelação.
*A jornalista viajou a convite do Sebrae-ES
Fonte: Globo Rural