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Laranjas recebem tratamento com radiação ultravioleta para controlar doença na pós-colheita

Em laboratório, laranjas receberam o tratamento com radiação ultravioleta C (UVC) e os especialistas conseguiram controlar com eficiência a doença conhecida como podridão azeda

Laranja recebe tratos culturais antes e após a colheita (Divulgação)

Laranja recebe tratos culturais antes e após a colheita (Divulgação)

Atrativa para os insetos, a laranja é um desafio para a ciência e produtores nos tratos culturais, tanto no pomar quanto no pós-colheita. A citricultura convive, há anos, com várias doenças e pragas que atacam as laranjais e exigem altos investimentos em produtos químicos e mão de obra. Em estudo recente, as laranjas receberam tratamento com radiação ultravioleta para controlar uma doença na pós-colheita, garantindo mais firmeza ao fruto e retardando o amadurecimento para que não estrague rapidamente.

Em laboratório, as laranjas receberam o tratamento com a radiação ultravioleta C (UVC) e os especialistas conseguiram controlar com eficiência uma doença conhecida como podridão azeda. A pesquisa foi realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estudos que identificaram o fungo causador da doença (também conhecido como bolor verde).

Os fungos são os maiores causadores de doenças no pós-colheita de frutas cítricas, segundo a engenheira ambiental Adriane Maria da Silva, e se manifestam geralmente no transporte, resultando prejuízos para o produtor. “Constatamos que o tratamento UVC, equivalente a 18 minutos de exposição das laranjas, demonstrou eficiência com a vantagem de uma fruta mais firme, sem alteração das características físico-químicas e retardando o processo de amadurecimento”, afirma Adriane.

“A nossa intenção, com o estudo, é propor uma tecnologia que seja alternativa ao uso de fungicida”, explica Adriane. Ela diz que ao constatar junto aos produtores rurais sobre o uso de produto químico, eles não estavam conseguindo fazer o controle com os fungicidas aplicados para eliminar o fungo após a colheita da laranja.

Greening

De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), o greening é a mais destrutiva doença de citros no Brasil e a maior ameaça à citricultura mundial. Nos últimos dois anos, a doença vem avançando em todo o estado de São Paulo (crescimento de 9,16% entre 2021 e 2022), e também na região Noroeste Paulista. As bactérias do greening são transmitidas por um inseto (psilídeo) e não há cura para as plantas doentes.

As recomendações aos produtores, conforme o engenheiro agrônomo Sérgio Nascimento, do Fundecitrus, é eliminar as plantas doentes, principalmente em áreas novas, e controlar o inseto vetor. “Para o controle do inseto, o produtor deve fazer a rotação de inseticidas, com modos de ação diferentes”, diz Sérgio.

O agrônomo lembra ainda que na região de Rio Preto vem aumentando a população de psilídeo e o número de plantas não erradicadas com o greening. “Por ser uma região que antes tinha um índice baixo da doença, fica uma falsa impressão de que a doença nunca vai chegar, mas uma hora chega”, finaliza.

Desafios e investimentos

À medida que avança a incidência de pragas e doenças nos pomares de laranja, produtores analisam que o desafio com o custo de produção aumenta e a conta não fecha, muitas vezes. “É um desafio enorme, especialmente nos últimos dois anos, com o crescimento da população de psilídeos (inseto que transmite o greening) na região de Rio Preto”, conta o produtor José Cláudio Ruiz.

Algumas pragas que o produtor considerava secundárias, como a mosca das frutas, têm aparecido com mais frequência nos pomares de laranja. “Essa praga pode causar um prejuízo enorme”, acrescenta. Por conta disso, o produtor precisa aumentar as pulverizações de produtos, aumentando os gastos com insumos e outros custos para cuidar corretamente do pomar.

Atualmente, o que tem impactado o custo de produção com o citros é o tratamento fitossanitário, de acordo com Odair Crepaldi, responsável por uma propriedade de laranja em Votuporanga. “Se o produtor não fizer esse investimento para o controle de várias doenças e pragas pode desistir de plantar laranja”.

Crepaldi considera ainda outro importante desafio na produção de laranja, a questão climática, que vem afetando com fortes estiagens os laranjais. “As doenças também tem sua importância dependendo da região do plantio”, afirma. (CC)

Encontro para orientar produtor

O Fundecitrus tem realizado palestras para divulgar os danos causados pelas doenças e pragas da citricultura. Em um desses encontros, ocorrido em Rio Preto, duas pragas – a do bicho-furão e da mosca das frutas – que atacam diretamente as laranjas, foram abordadas pelos especialistas. Outro tema abordou ainda o controle do greening diante da alta população de psilídeo.

“Em levantamento que fizemos, ficou registrado que 5,6% destas pragas são responsáveis pela queda dos frutos nos pomares, um prejuízo de 18,9 milhões de caixas de laranjas perdidas na colheita. E resultou ainda em prejuízo na safra 2021-2022 de R$ 487 milhões à produção de laranja no estado de São Paulo”, afirma Haroldo Volpe, pesquisador do Fundecitrus.

Haroldo diz que as pragas são conhecidas do citricultor e nas palestras as orientações se direcionam ao controle das duas, ao uso de produtos e à importância de retirada destes frutos para quebrar o ciclo da doença. As frutas, quando atacadas pela mosca da fruta e pelo bicho-furão, não podem ser comercializadas para indústria e nem para o mercado de mesa.

As doenças e pragas, segundo o pesquisador, demandam muitas pulverizações de defensivos, e no caso do greening, de erradicação das árvores, resultando em custos altos para os cuidados com os pomares. “Tudo isso onera em mão de obra e gestão e fica difícil para o citricultor”, diz Haroldo. (CC)