Vale lembrar que as exportações de abacate incluem as variedades tropicais e o avocado, produto relativamente novo no Brasil, mas muito popular em todo o mundo.
Há também uma grande expectativa dos produtores de abacate nas exportações do avocado para a Índia, um mercado recentemente aberto, que vai contribuir significativamente para o início das operações com a Ásia, mercado de potencial muito alto, já a partir da próxima safra, entre dezembro de 2024 e o fim do primeiro semestre de 2025.
Segundo Jorge de Souza, gerente técnico e de projetos da Abrafrutas, alguns trâmites técnicos e burocráticos estão envolvidos nos processos de abertura de novos mercados. Entre estes processos, destaca-se a possibilidade de negociação de contrapartidas comerciais entre os países e o processo técnico de análise de risco de pragas, este, sim, sempre presente em função das suas implicações fitossanitárias.
Países compradores são bastante cuidadosos e criteriosos no processo de importação para garantir que microorganismos patogênicos e insetos associados às frutas não entrarão em seu território. Por isso, durante a análise, existe um estudo de risco e adoção de medidas de controle e mitigação.
Atualmente, os principais compradores do abacate brasileiro são Argentina e Uruguai, na América do Sul, além de Espanha, Países Baixos, e Reino Unido, na Europa. Na Ásia, a Índia deve se tornar o primeiro país importador.
Jorge de Souza destaca que a exportação para o continente asiático ainda é um desafio por conta do processo logístico marítimo. Segundo o especialista, a exportação aérea torna a logística um fator de competitividade em função do custo mais elevado, mas é a alternativa de curto prazo tecnicamente viável.
Neste sentido, países produtores concorrentes mais próximos da Ásia, como a África do Sul e a Austrália, tendem a oferecer condições comerciais mais competitivas:
“É preciso ser eficiente na produção para compensar o adicional de custo logístico”, destaca Jorge de Souza.
Abacate tupiniquim em foco
O destaque do Brasil como produtor de frutas não é novidade. Segundo dados do Abrafrutas, o país está em terceiro lugar no ranking mundial, ficando atrás apenas da China e da Índia. Contudo, existem ainda grandes oportunidades para aumentar a participação do País no mercado internacional.
Para os países importadores, a qualidade das frutas brasileiras é destaque, bem como sua diversidade, texturas, sabores e formas de consumo. Em 2023 as exportações somaram mais de US$ 1,35 bilhão, a maior marca da série histórica do setor.
No ranking de exportação, o Brasil se encontra em 24° lugar, vendendo para o mercado externo apenas 2,5% do que é produzido. Jorge de Souza destaca que quanto mais mercados abrirem suas portas para a fruta brasileira, mais rápido o Brasil vai se consolidar entre os 10 maiores exportadores de frutas no mundo:
“Nós, da Abrafrutas, enxergamos o potencial do Brasil como exportador como ‘meio copo cheio’, e não ‘meio copo vazio’. O problema não é a demanda. Existe muita demanda para as nossas frutas. O grande desafio é desenvolver uma cultura exportadora entre nossos produtores. Diante de um mercado interno muito forte, não são todos os produtores que têm interesse em exportar, pois acreditam que o desafio é maior do que realmente é”, finaliza.
Sobre a Abrafrutas
A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) é uma associação sem fins lucrativos que tem por finalidade representar e promover a fruticultura brasileira frente ao mercado internacional. Criada em 2014, a Abrafrutas conta com aproximadamente 70 associados produtores exportadores de frutas e detém aproximadamente 85% do volume total das frutas frescas exportadas pelo Brasil.