O produtor também ganha ao economizar nesses insumos e, principalmente, ao evitar perdas provocadas pela fusariose que atinge, em média, 20% das plantas, mas pode chegar até a perda total da área de produção
A Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) vai apresentar, na manhã do dia 3 de dezembro, a produtores e técnicos da região de Itaberaba, Semiárido baiano, duas novas variedades de abacaxi resistentes à fusariose, a mais severa doença da cultura, recentemente lançadas. Além dessa característica, as novas cultivares BRS Sol Bahia e BRS Diamante apresentam alto potencial produtivo, frutos mais firmes e resistentes e excelente sabor.
Causada pelo fungo Fusarium guttiforme, a fusariose é responsável por prejuízos expressivos à produção nacional, chegando a inviabilizar lavouras inteiras. A doença compromete o desenvolvimento da planta, impede o uso de mudas das plantas doentes em novos plantios e impossibilita o consumo dos frutos afetados.
A resistência genética dos novos materiais, portanto, representa uma valiosa vantagem ao produtor, reduzindo custos com controle químico e ampliando a sustentabilidade da cultura. O fato de os frutos serem produzidos sem o tratamento com fungicidas traz maior segurança alimentar para o consumidor. O produtor também ganha ao economizar nesses insumos e, principalmente, ao evitar perdas provocadas pela fusariose que atinge, em média, 20% das plantas, mas pode chegar até a perda total da área de produção.
“Nossos materiais possuem um conjunto de características que os tornam produtos superiores, sendo a principal delas a resistência à fusariose. E é resistência total, diferente de tolerância”, ressalta o pesquisador Davi Junghans, líder do programa de melhoramento genético do abacaxi. Ele destaca também a maior produtividade dos materiais, que gira em torno de 56 toneladas por hectare, bem acima da produtividade média do abacaxi no Brasil, de aproximadamente 26 toneladas por hectare em 2024, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Isso se dá justamente porque o Pérola tem muita perda em função da fusariose. A tendência, então, é de que os novos materiais sejam bem mais produtivos”, ressalta Junghans.
Programação – O evento é organizado em conjunto com a Prefeitura Municipal de Itaberaba e tem o apoio da Rede Colaborativa do Abacaxi, Cooperativa Nacional de Produção e Agroindustrialização (Coopaita) e Fazenda Nova Cana Fita, do produtor Joelson Bastos.
O evento vai começar às 8h, com degustação e análise sensorial das variedades comandada pela pesquisadora Eliseth Viana, do Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Às 9h, na abertura, haverá o lançamento da Rede Colaborativa do Abacaxi e homenagens, com presença do pesquisador Aldo Trindade, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Mandioca e Fruticultura, prefeito João Filho e representantes da Coopaita e da Rede Colaborativa.
A primeira palestra, sobre o processo de desenvolvimento das variedades, será ministrada pelos pesquisadores Davi Junghans e Aristoteles Matos (Embrapa Mandioca e Fruticultura). A segunda será sobre o trabalho de validação e os cuidados no cultivo e na pós-colheita e será ministrada pelos pesquisadores Domingo Haroldo Reinhardt e Fabiana Sasaki (Embrapa Mandioca e Fruticultura).
Informações sobre material de plantio (acesso e multiplicação em viveiros) serão fornecidas por Herminio Rocha (Embrapa Pesca e Aquicultura) e Tullio Pádua (Embrapa Mandioca e Fruticultura).
Abacaxi de Itaberaba – Localizado na entrada da Chapada Diamantina, distante 264 quilômetros de Salvador, Itaberaba tem no abacaxi da variedade Pérola o principal produto agrícola do município. Segundo os dados do IBGE, em 2024 a produção anual foi de 21, 7 milhões de frutos colhidos em 1.110 hectares. A cultura é predominante em pequenas propriedades, com áreas médias inferiores a três hectares, nas quais se emprega mão de obra familiar e, na maioria das vezes, sem financiamento.
As variedades BRS Sol Bahia e BRS Diamante foram lançadas em 12 de novembro em Frutal (MG). No mesmo dia, audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, em Brasília, discutiu o Projeto de Lei nº 2.533/2025, que pode conceder a Itaberaba o título de Capital Nacional do Abacaxi.
*Alessandra Vale e Léa Cunha – Embrapa Mandioca e Fruticultura – mandioca-e-fruticultura.imprensa@embrapa.br – Telefone: (75) 3312-8076.
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Fonte: Embrapa
