Estudo visa descobrir e explorar o potencial de frutas e verduras pouco conhecidas em interferir positivamente no metabolismo
O pesquisador foi um dos primeiros a estudar a fruta de origem amazônica e revelar que ela é extremamente rica em compostos fenólicos antioxidantes – substâncias como os polifenóis, presentes no vinho tinto, com efeitos positivos sobre doenças cardiovasculares.
“Um copo com 250 mililitros de extrato de açaí tem 1 grama de compostos fenólicos”, destacou.
Larondelle tem se dedicado nos últimos 25 anos a descobrir e explorar o potencial de frutas e verduras pouco conhecidas que podem ser fontes negligenciadas de compostos bioativos – substâncias que ocorrem naturalmente em alimentos e que interferem positivamente no metabolismo, mas que não são nutricionalmente necessárias.
A fim de revelar novas fontes de compostos bioativos, a estratégia adotada por Larondelle e sua equipe tem sido selecionar vegetais promissores, com base no consumo e na utilização deles em medicina tradicional.
Se o alimento atender a esses requisitos, os próximos passos dos pesquisadores são fazer a caracterização química dos bioativos potenciais e avaliar a biotividade dos compostos in vitro e in vivo, a fim de identificar se apresentam propriedades antioxidante, anti-inflamatória, antiaterosclerótica, antiobesidade e anticancerígena, entre outras.
Comprovadas essas propriedades, são feitas parcerias com empresas com o objetivo de desenvolver produtos, como alimentos, suplementos ou aditivos, a partir dessas frutas, como ocorreu com o açaí, explicou Larondelle.
“O conhecimento acumulado sobre o açaí foi transferido para as comunidades locais no Brasil e resultou na melhoria da qualidade microbiológica da polpa da fruta, na otimização do período de colheita e dos processos de produção”, afirmou.
Depois do açaí, a fruta que passou a despertar maior interesse dele nos últimos anos é o mirtilo rosa (Rhodomyrtus tomentosa) do Sudeste Asiático.
Usada na medicina popular para tratar diarreia e estimular o sistema imunológico, a fruta é uma das maiores fontes no reino vegetal de piceatannol – um composto fenólico mais ativo que o resveratrol, encontrado principalmente na casca da uva, em termos de propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antiproliferativas e antilipogênicas.
“O piceatannol parece interferir com o acúmulo de lipídios no tecido adiposo”, disse Larondelle.
Por meio do estudo, os pesquisadores têm auxiliado os produtores da fruta, que tem sido utilizada no Vietnã na produção de sucos e bebidas alcoólicas, a corrigir falhas na produção e desenvolver processos para extrair piceatannol de forma mais eficiente. A meta é introduzir o composto bioativo em outros produtos mais elaborados
Fonte: PORTAL AMAZÔNIA, COM INFORMAÇÕES DA AGÊNCIA FAPESP