Engenheiros agrônomos buscam preservar e multiplicar o Umbu Gigante para suportar o desenvolvimento sustentável na região
A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri) está empenhada em promover o plantio e a formação de pomares de umbu, uma planta típica do semiárido e da Caatinga, que tem grande presença no estado. Além disso, como parte desse esforço, a Seagri realizou recentemente uma doação de microaspersores e sacolinhas para mudas e plantios na região de Vitória da Conquista.
O projeto, conduzido pelos engenheiros agrônomos Assis Pinheiro Filho e Marcelo Libório, tem como objetivo principal a preservação e multiplicação do Umbu Gigante, uma variedade geneticamente modificada que se destaca pelo seu tamanho maior em comparação ao umbu tradicional. Por meio de estudos e parcerias, os idealizadores buscam fomentar o cultivo dessa variedade em todo o estado, garantindo sua presença e esperança para o desenvolvimento sustentável da região.
A doação de microaspersores e sacolinhas para mudas e plantios é apenas uma das ações realizadas pela Seagri em sua missão de promover o crescimento do setor agrícola na Bahia. A iniciativa busca incentivar os agricultores e produtores locais a investirem no cultivo do Umbu Gigante, oferecendo suporte e recursos necessários para o estabelecimento de pomares produtivos.
O Umbu Gigante, resultado de anos de pesquisa e melhoramento genético, apresenta um potencial econômico promissor, além de possuir características adaptadas às condições do semiárido. Sua ampla utilização pode sustentar a economia local, gerar empregos e contribuir para a diversificação da agricultura na região.
Com o compromisso de promover a agricultura familiar e fortalecer a agricultura baiana, a Seagri continua investindo em estudos e parcerias para garantir o sucesso do cultivo do Umbu Gigante. A expectativa é que, por meio dessas ações, a presença dessa variedade se expanda consideravelmente, trazendo benefícios não apenas para os produtores, mas também para a preservação do patrimônio natural da Bahia.
“O umbu é uma grande alternativa para o semiárido baiano. Eles (umbuzeiros) são árvores nativas dos semiárido e o Umbu Gigante se diferencia geneticamente do umbu comum pelo tamanho. Ele é maior na polpa e tem um caroço que é proporcional, mas que também é um pouco maior. Então você vai extrair mais fruto né, mais polpa, mas ele é uma modificação genética da natureza, não foi melhorado dentro de um laboratório. Então nós estamos catalogando esses pés de umbu gigante e colhendo material para fazer mudas”, explica Assis Pinheiro, que além de engenheiro agrônomo é também diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri.
As iniciativas relacionadas ao umbu não são novidade no município de Vitória da Conquista, que já vem desenvolvendo um plano de incremento da cultura há 16 anos na região. Atualmente há agricultores da cidade que já têm 600, 800 e até 1.000 pés de umbuzeiro nas suas propriedades.
Variedade gigante
O material doado pela Seagri foi entregue à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural do município, cuja prefeitura é responsável pela Fazenda Experimental Pedra Mole, que planta 33 variedades do umbu, 25 delas do chamado Umbu Gigante.
“Temos atualmente 800 pés de umbu na Fazenda Experimental Pedra Mole. Percebem os que o umbu vem se transformando em uma grande opção para a Caatinga, e aqui em Vitória da Conquista possuímos áreas desse ecossistema. Nosso objetivo é fornecer mudas para plantios pela região e também servirmos de campo de exemplo, aberto à visitação de produtores, pesquisadores e estudantes. Nosso primeiro foco é a agricultura familiar, mas o próprio incentivo a esse setor também multiplica o interesse pelos plantios comerciais, em áreas maiores”, diz o coordenador de Fomento à Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Vitória da Conquista, Eduardo Castro.
O projeto de incentivo ao plantio de umbu também já alcançou as cidades de Iraquara e Itaberaba, e a Seagri já tem planos de colocá-lo em prática em outros lugares do estado. Segundo Assis Pinheiro, se faz uma coleta de em torno de 200 mudas e depois realiza-se o plantio delas em um local só, montando assim os jardins clonais.
Hoje, o umbu na Bahia é majoritariamente extrativista, a expectativa é que como incentivo ao plantio, a cultura do fruto possa de fato se fortalecer no estado.
“O objetivo disso é, futuramente, quando a gente conseguir tirar as mudas dali, distribuir para os agricultores para eles formarem um pomar, porque hoje a maioria das pessoas que colhem umbu são as mulheres, né? Eles são chamados catadoras porque elas fazem um trabalho de extrativismo. Por exemplo, tem um pé lá em uma fazenda, então elas vão lá com as latas e catam na época da colheita já que o umbu possui um período curto de frutificação. Daí elas o transformam, fazem, doce fazem geleia, fazem polpa”.
Além de preservar e não perder o material genético do Umbu Gigante, Pinheiro reforça que, com o projeto e a futura formação dos pomares, o trabalho das catadoras de umbu vai ser facilitado.
“Elas vão passar a ter o seu pomar em casa, né? Não vão precisar sair de manhã, geralmente em caravanas para catar o umbu, então é um trabalho que vai melhorar muito a qualidade de vida dessas trabalhadoras”.
Os Umbus Gigantes são diferenciados pelo seu tamanho, de 12 cm para cima. Para Pinheiro, a planta é uma grande alternativa econômica, pois o fruto vem sendo muito apreciado recentemente, o que é bom para o pessoal da Caatinga.
“Então em Vitória da Conquista foi uma iniciativa deles (da cidade) né, eles fizeram antes da gente, mas não como propósito de estar reproduzindo para o estado. A ideia de fazer a colheita e essa reprodução no estado foi da nossa Secretaria (Seagri), minha e do Marcelo (Libório). E a gente viu esse potencial de poder estar distribuindo, né? Montando esses plantios, esses pomares e que facilitaria muito a vida do pessoal porque é uma planta maior, ou seja, ela vai dar mais renda, né? Não é aquele umbuzinho pequeno”.
Marcelo Libório, também engenheiro agrônomo e coordenador de Estudos e Projetos Agrícolas da Seagri, reforça o ponto. “Há todo um mercado futuro para a fruta umbu, dentro de um cenário, brasileiro e mundial, de valorização de frutas típicas, de gosto característico e ricas como alimento. O açaí, por exemplo, vem ganhando mercados nacionais e internacionais, e temos importantes plantios de açaí na Bahia. Esperamos, com o tempo, também poder trabalhar o umbu nesses mercados, destacando suas qualidades”.
“A Seagri desenvolve já há algum tempo esforços para o incremento da cultura do umbu nas áreas de caatinga por ver nessa cultura não só uma opção para o tempo presente, como também uma aposta certeira para o desenvolvimento da fruticultura no semiárido da Bahia. O umbu, quer seja para consumo em suas diversas possibilidades como também como matéria-prima para as indústrias de cosméticos e remédios, é um produto de enormes perspectivas e que representa um mercado com amplas possibilidades de desenvolvimento”, completa Libório.
A Bahia já possui diversas cooperativas graças ao incentivo à cultura do umbu pelo estado, tais como a Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia (Cooproaf), que atua na região de Vitória da Conquista, e a Cooperativa de Produtores de Umbu (Coopercuc), que fica no município de Uauá. A Cooproaf e seus associados colhem cerca de uma tonelada de umbu por ano. A cooperativa possui 212 famílias associadas, com cerca de 540 pessoas atendidas diretamente e por volta de 540 de maneira indireta.
O estado produz cerca de seis mil toneladas ao ano da fruta e seu extrativismo gera renda para milhares de famílias. Em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Os municípios de maior produção de umbu do estado foram Mirante, com 443 toneladas, e Brumado, com 335 toneladas, sendo também o quarto e o quinto maiores produtores do Brasil, respectivamente. A cidade de Espinosa no estado de Minas Gerais foi a líder nacional, com 2000 toneladas produzidas
Fonte: Canal Rural