O açaí cultivado no estado representa a parcela dominante da produção nacional, respondendo por 87,3% do total
Considerado uma joia da Amazônia, o açaí ganhou destaque internacional e hoje os preços dos produtos derivados do açaí paraense aumentaram em mais de 5 mil, indicando um forte processo de agregação de valor comercializado, informa a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), em estudo publicado em julho.
Atualmente, o açaí cultivado no Pará representa a parcela dominante da produção nacional, respondendo por 87,3% do total. Este fenômeno reflete não apenas o potencial do cultivo controlado do açaí, mas também os avanços tecnológicos e estratégias de manejo que impulsionaram esse setor para novos patamares de crescimento e desenvolvimento econômico.
Exportação
A Nota Técnica do Açaí revela que em comparação com o segundo estado exportador, o Amazonas, os derivados do açaí passaram de menos de 1 tonelada, em 1999, para 57 toneladas, em 2023. Na economia amazonense, os derivados do açaí passaram de US$ 692, em 2002, para pouco mais de US$ 93 mil, no mesmo período.
De acordo com o esse mais recente estudo, o cenário da produção de açaí no Brasil revela uma ascensão notável ao longo das últimas décadas. Os dados oficiais mostram que, entre 1987 e 2022, o açaí registrou crescimento admirável, com a produção saltando de 145,8 mil toneladas para impressionantes 1,9 milhão de toneladas, representando um aumento de mais de 13 vezes em um período de 36 anos.
Destaque
Em 2022, 14 estados brasileiros contribuíram para a produção de açaí, com destaque para o Pará, que manteve sua posição de liderança ao alcançar uma produção de 1,7 milhão de toneladas, representando expressivos 90,4% da produção nacional. Em seguida, o Amazonas e o Maranhão ocuparam, respectivamente, o segundo e terceiro lugares, contribuindo com 7,4%.
“O Pará é o maior produtor do mundo, mas outras regiões do país de clima até oposto ao nosso estão plantando açaí – e não queremos ver a história se repetir como aconteceu com a borracha, levada para a Malásia pelos ingleses e aniquilando nossa economia da borracha. Precisamos certificar, criar um selo e identificar geograficamente, contar sua história e sua cultura, entre tantas potencialidades que essa fruta e sua identidade podem nos proporcionar econômica e culturalmente”, completa Márcio Ponte.
Os dados expõem a crescente participação do cultivo de açaí na geração de empregos formais. Com base em cálculos estatísticos abordados na nota técnica quanto ao estoque de vínculos formais no ano de 2022, foram criados 598 empregos diretos e 2.536 indiretos no cultivo de açaí ao longo de toda a cadeia produtiva do fruto. A soma dos vínculos totaliza, portanto, 3.143 empregos gerados no setor.
Com base nos três últimos Censos Agropecuários, identifica-se que o recrudescimento do número de estabelecimentos foi bastante contundente, passando de quase 13 mil, em 1996, para pouco mais de 81 mil, em 2017, o que representou um aumento de 533% em 22 anos. Em comparação à realidade econômica do Amazonas, os empreendimentos do Pará representaram quatro vezes o número existente naquele estado
“Comemorar o dia do açaí no dia da Amazônia tem um simbolismo muito grande, afinal de contas essa é uma das principais cadeias produtivas da nossa região e os estudos da Fapespa mostram claramente o protagonismo do Pará na produção de açaí para o mundo inteiro“, avalia o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
Fonte: Canal Rural