Especialistas explicam incoerência com nome popular da fruta de origem asiática
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_afe5c125c3bb42f0b5ae633b58923923/internal_photos/bs/2024/w/P/8roaf3SGit12MSAwyC5g/banana-nanica-28.9.2011-645-600x400-1-.jpg)
Você já deve ter percebido ao passear pelas gôndolas de feiras e supermercados: a banana-nanica está longe de ser pequena. A fruta de casca amarela e presente na alimentação dos brasileiros se destaca justamente pelo formato alongado, transformando, assim, o nome pelo qual ficou conhecida em uma ironia.
Mas o que explica a aparente incoerência? Segundo Edson Perito Amorim, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Mandioca e Fruticultura) e coordenador do Programa de Melhoramento Genético de Banana e Plátano, o termo “nanica” não se refere ao fruto, como muitos podem imaginar, mas, sim, ao tamanho da bananeira.
“O nome é, na verdade, um equívoco popular. Apesar de seus frutos serem grandes e longos, a planta é de porte baixo e menor que outras variedades. O adjetivo, então, descreve a planta, mas não a fruta que consumimos”, diz.
O especialista ouvido pela Globo Rural completa que, enquanto as plantas que originam a banana-da-terra e a banana-prata, por exemplo, podem alcançar de cinco a sete metros de altura, a nanica é mais compacta e não passa dos três metros.
“Essa diferença no tamanho é um dos principais motivos para que os produtores de banana no país optem pela variedade. Isso porque, além de facilitar o manejo e também a colheita, reduz o risco de tombamentos durante as ventanias”.
Mais curiosidades sobre banana-nanica
Variedade do subgrupo Cavendish e originária da região localizada no sul da China, a banana-nanica se espalhou pelo mundo na metade do século XIX, quando expedicionários coletaram mudas e as levaram à Inglaterra para serem cultivadas em estufas climatizadas, conta Ramon Felipe Scherer, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
De lá, os ingleses espalharam as primeiras plantas que se desenvolveram por diversas regiões tropicais, incluindo a América. E se no Brasil ela ganhou o apelido de nanica, em outros países o nome permanece o original: “Cavendish banana”.
“Mesmo que em inglês as variedades sejam chamadas de ‘Giant cavendish’ (Cavendish gigante) e ‘Dwarf cavendish’ (Cavendish anã) e em francês de ‘Grand nain’ (Grande anã), os nomes populares não foram influenciados. Mas, aqui no Brasil, um dos mais populares para se referir à banana Cavendish é nanica”.
Apesar da bananeira que produz a nanica ser menor quando comparada às outras variedades, isso em nada interfere no tamanho dos frutos nos cachos. E o motivo está na genética que pode definir se a banana será grande ou pequena.
No caso do subgrupo Cavendish, ao qual a nanica pertence, uma das principais características é o formato mais alongado.
Também chamada de caturra ou banana-d’água, dependendo da região brasileira, a nanica apresenta diferenças das demais variedades. Confira abaixo:
- Casca: cor amarela-intensa que tende a escurecer enquanto amadurece;
- Fruto: grande, grosso e levemente curvado;
- Polpa: macia e muito doce;
- Aroma: forte e agradável, típico do subgrupo Cavendish.
Qual a banana mais cultivada no Brasil?
A variedade branca, do subgrupo Prata, lidera tanto no campo, onde representa 55% da área plantada, como também na escolha para o consumo dos brasileiros. A nanica aparece em segundo lugar no ranking e predomina nos bananais de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Em números, a produção nacional chega a 25%.
De acordo com o especialista da Epagri em Santa Catarina, a nanica é a principal banana de exportação no mundo, tendo Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Japão como principais destinos.
“Nesses lugares, falar em banana é falar em “Cavendish banana”, porque lá ela não assume outros nomes populares como aqui”, finaliza Ramon Scherer.
Fonte: Globo Rural
