Fatores do solo podem predispor as bananeiras à fusariose
“Em cultivos de banana em São Bento do Sapucaí,” explica o técnico da Embrapa Meio Ambiente Henrique Vieira, “solos mais compactados e que apresentam maior resistência à penetração de raízes determinam maior incidência de fusariose”.
Em todas as regiões estudadas, em cultivares de banana Prata como nas do tipo Nanica, observa-se que plantas afetadas pela doença apresentam desequilíbrios nutricionais, com teores mais baixos de cálcio e de potássio em relação aos de nitrogênio.
A identificação desta associação entre fatores edáficos, estado nutricional das plantas e a incidência de fusariose, ainda que a princípio pareça uma descoberta de interesse apenas teórico, tem grande importância tanto para o dia a dia dos produtores rurais, como para aqueles consumidores que apenas desejam dispor de uma fruta saudável e com preço acessível.
“O estabelecimento de recomendações de práticas de manejo de solo que possibilitem a produção de banana num cenário em que o fungo causador da fusariose esteja presente depende deste conhecimento básico”, enfatiza Luiz Teixeira do IAC.
Para os consumidores, o reflexo imediato de uma doença tão grave quanto a fusariose da bananeira, é a redução da oferta de frutos e o aumento do preço.
A visão de que a saúde das plantas depende da saúde do solo faz com que a pesquisa busque soluções integradas para o controle de doenças, indo além da aplicação de defensivos.
Como sequência aos resultados obtidos nesse projeto, a equipe segue estudando a relação de fatores bióticos e abióticos com a intensidade da fusariose-da-bananeira tanto em condições de campo, como em casa-de-vegetação, no âmbito de um novo projeto, também financiado pela Fapesp, com encerramento previsto para março de 2022. Neste projeto também estão sendo investigadas alternativas de manejo da doença orientadas à saúde da planta via saúde do solo, bem como à redução de fatores de predisposição, como a presença do moleque-da-bananeira.
A equipe pretende também disponibilizar um sistema multicritério de indicadores para avaliação de impactos e adoção de Boas Práticas de Manejo direcionadas à convivência com a fusariose-da-bananeira.
“Esperamos que, ao final deste segundo projeto, possamos contar com informações que permitam desenhar estratégias de manejo para reduzir as perdas provocadas pela doença e aumentar a produtividade da bananeira”, afirma a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Jeanne Marinho Prado.
Banana – fruta importante para o País
O Brasil é um dos grandes produtores de banana mundiais, sendo colhidas anualmente em torno de sete milhões de toneladas de frutos.
Atualmente, a fusariose da bananeira ou mal-do-Panamá, causada por um fungo de solo (Fusarium oxysporum f. sp. cubense), é a principal doença desta cultura. Esta doença foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1939 afetando a cultivar Maçã e espalhou-se rapidamente pelo País causando sempre grandes prejuízos.
A produção de banana Maçã, por exemplo, tornou-se uma atividade “migratória”, exigindo que os agricultores mudem de área em cada safra em busca de solos sem a presença do patógeno. Outra solução foi o plantio de cultivares menos suscetíveis à doença, como a Prata e bananas do tipo Nanica, as quais ocupam cerca de 90% das áreas de plantio.
Entretanto, a substituição da banana Maçã por cultivares mais resistentes à fusariose implica em menor rentabilidade para os produtores, visto que os preços da banana Prata e Nanica sempre são mais baixos do que os da banana Maçã.
Embora seja uma alternativa muito utilizada atualmente, a mudança para cultivares resistentes à fusariose é uma opção que está sendo ameaçada pela disseminação de uma nova raça do fungo causador da doença, conhecida como Raça Tropical 4 (TR4). A TR4 vem destruindo bananais de todas as cultivares na Ásia, África e Oriente Médio, e na América do Sul já foi oficialmente detectada na Colômbia e no Peru.
Como as medidas mais usuais de controle de doenças em plantas, como aplicação de fungicidas ou rotação de culturas, são ineficientes para enfrentar a fusariose e não há cultivares de bananeira resistentes à TR4, buscam-se identificar possíveis condições de solo onde as plantas sejam menos afetadas pela doença.
Tem-se observado que bananais de uma mesma cultivar podem apresentar diferentes intensidades de fusariose, sugerindo que fatores ambientais possam estar envolvidos nesta variação.
informações Embrapa.
Fonte: Agrolink