Suspensão foi confirmada no último fim de semana pela diplomaria americana e pelo Departamento de Agricultura mexicano
Os Estados Unidos suspenderam todas as importações de abacates mexicanos (avocados) depois que um inspetor de segurança americano que estava vistoriando plantas exportadoras em Uruapan, no estado do Michoacán, recebeu uma mensagem ameaçadora em seu celular. A informação foi publicada nas redes sociais da Embaixada dos EUA e foi confirmada pelo próprio Departamento de Agricultura do México em comunicado.
A suspensão temporária foi confirmada no último sábado (12/2), véspera do Super Bowl, a decisão do campeonato nacional de futebol americano, considerada a principal oportunidade de vendas do ano para os produtores mexicanos de abacate. No entanto, a decisão não afetou os negócios relacionados à partida, realizada no último domingo (13/2), porque os abacates destinados ao evento já estavam em solo americano.
Em suas redes sociais, a Embaixada dos EUA escreveu que “facilitar a exportação de abacates mexicanos para os EUA e garantir a segurança de nosso pessoal de inspeção agrícola andam de mãos dadas” e que estava trabalhando com o governo mexicano para garantir condições de segurança que permitam a retomada das operações.
De acordo com o divulgado pela imprensa local, as exportações de abacate são a mais recente vítima das batalhas por território entre carteris de drogas e extorsão dos produtores de abacate em Michoacán, o único estado do México totalmente autorizado a exportar para o mercado americano. O negócio representa uma receita de quase US$ 3 bilhões ao México, país que produz cerca de 13 milhões de toneladas ou 30% do abacate do mundo.
A suspensão assusta os produtores e, segundo o jornal “El Heraldo de Mexico”, as plantas de exportação estão paradas desde sexta-feira (11/2). “Há muita fruta nas árvores e elas já começam a cair. É muito devastador e um grande golpe para a economia porque cerca de 300 mil funcionários dependem do abacate”, disse ao jornal o produtor Luis Manuel Soto, de Uruapan, considerada a capital mundial do abacate.
Segundo ele, os exportadores da região já estão analisando expandir suas vendas para o Japão ou Canadá, com o objetivo de não depender inteiramente do mercado norte-americano, ao qual destinam atualmente 90% de seu produto.
O negócio dos abacates tem chamado bastante a atenção de criminosos no país, segundo o jornal mexicano. Na semana passada, no estado de Michoacán, a polícia precisou colocar uma escolta armada nos 14 caminhões que transportam abacates das fazendas aos mercados e distribuidores em Uruapan.
Não foi a primeira vez que os produtores tiveram proteção policial, pois aumentaram os casos de roubos e violência contra o fornecimento de frutas. Em junho do ano passado, cerca de 3.000 produtores de abacates, segundo o jornal, se armaram em Michoacán para fazer frente aos crescentes incidentes de extorsão e intimidação.
Produção no Brasil
O Brasil também produz abacates do tipo avocado, o preferido para exportação. A fruta é menor do que o abacate comum, tem casca escura e grossa, e polpa cremosa e rica em gorduras monoinsaturadas. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas (Abrafrutas), a produção brasileira é de cerca de 196 mil toneladas, incluindo todas as variedades, mas o tipo hass ou avocado é o mais cultivado para exportação. O Brasil ainda está em processo de abertura do mercado americano para a fruta.
Fonte: Globo Rural