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Fonte de saúde e renda, frutas são destaque da FAO em 2021

Ano Internacional das Frutas e Vegetais lembra dos benefícios que os alimentos trazem à saúde e à economia
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As frutas contribuem para dois pilares da qualidade de vida: mais saúde para quem consome e economia saudável para quem vive da fruticultura. É por isso que a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu, por meio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Ano Internacional das Frutas e Vegetais em 2021, com o objetivo de lembrar os benefícios do consumo destes alimentos e valorizar o impacto positivo na geração de emprego e renda.

Em todo o mundo, por exemplo, são mais de 800 milhões de toneladas de frutas produzidas em 60 milhões de hectares de área colhida, movimentando, anualmente, mais de US$230 bilhões.

Neste cenário, o Brasil contribui fortemente, sendo o terceiro maior produtor de frutas do mundo. “O setor cria oportunidades de emprego e de renda, estimula a industrialização, incentiva as cadeias produtivas exportadoras e amplia a oferta no mercado interno, sendo referência em pesquisa e tecnologia para o agronegócio nacional. Ainda, o setor todo gera cinco milhões de postos de trabalho no país”, aponta o pesquisador em fruticultura da Epagri, doutor Rafael Roveri Sabião.

Ao todo, o Brasil colhe mais de 40 milhões de toneladas em 2 milhões de hectares, movimentando um valor superior a US$6 bilhões todos os anos. “Laranja e banana lideram o volume produzido com participação, somada, próxima de 60%, tendo o suco de laranja o maior destaque no mercado internacional, atendendo às demandas norte-americana e europeia”, explica Sabião.

Um segmento forte, mas que ainda guarda grande potencial

Apesar do país estar consolidado entre os maiores produtores do mundo, ainda não se coloca entre os principais exportadores mundiais, com 97,6% do que se produz em solo brasileiro sendo consumido internamente. É neste cenário que, para o doutor Sabião, há espaço de crescimento. “O potencial a ser explorado é justamente sobre o destino da fruta brasileira, que pode ser distribuída para outros países, ou ainda aumentar o volume comercializado para os mercados já consolidados”, enfatiza.

Como exemplos, Sabião indica que a Holanda ocupa a 3ª colocação nas exportações mundiais, mas não tem produção relevante de frutas, e os mercados emergentes, como China e Índia, que estão se destacando globalmente, pois, além de serem os maiores produtores mundiais, expandiram rapidamente suas exportações de frutas frescas e processadas.

As superfrutas também são elementos a serem observados na demanda mundial. A exportação do abacate, blueberry e cranberry foi triplicada em um intervalo de dez anos, entre 2006 e 2016. “O aumento do comércio reflete a procura do mercado consumidor por produtos saudáveis, como o abacate, que possui boas gorduras e ajuda no controle de gorduras ruins e do colesterol, ou as frutas vermelhas, que têm grandes concentrações de substâncias antioxidantes e ajudam no controle dos radicais livres, retardando o envelhecimento celular”, completa o pesquisador.

Frutas contribuem para o bem-estar físico e mental em meio à pandemia

Mais do que uma economia forte, a fruticultura garante alimentos saudáveis para uma dieta balanceada e acessível. No contexto da pandemia, este fator tornou-se mais importante do que nunca.

Conforme a nutricionista, mestre em Nutrição em Saúde Pública e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) da Universidade de São Paulo (USP), Kamila Tiemann Gabe, o consumo de frutas contribui para a oferta adequada de todos os nutrientes que o corpo humano demanda para a prevenção de doenças.

“Manter um organismo saudável e bem nutrido é importante para garantir uma boa resposta imunológica em caso de infecção pelo coronavírus. Além disso, temos observado que algumas condições de saúde relacionadas à alimentação, como obesidade e diabetes, estão ligadas aos quadros mais severos de Covid-19. Nesse ponto, uma alimentação saudável, que inclui o consumo regular das frutas, pode contribuir para a manutenção da boa saúde e prevenção do desenvolvimento dessas condições”, explica Kamila.

Se há dúvidas de como balancear as frutas na dieta, a pesquisadora destaca que cada tipo vai ofertar uma gama de nutrientes e de compostos bioativos. Para ela, diferente dos outros alimentos, sempre haverá uma opção mais em conta, e muitas vezes este preço mais baixo pode vir acompanhado de uma fruta ainda mais rica do que as demais. “Uma boa estratégia é seguir a sazonalidade desses alimentos. Frutas da época são mais em conta e tendem a ser mais nutritivas e mais saborosas”, destaca a nutricionista.

Além das características nutricionais, segundo Kamila, as frutas também contribuem para uma vida saudável do ponto de vista sociocultural da alimentação. “Parte das raízes alimentares evoca memórias, como as de infância. Faz lembrar da casa, da nossa terra natal e das receitas de família. Por isso, manter ou incorporar na alimentação do dia a dia alimentos que fazem sentido afetivo faz bem para a saúde física e mental”, acrescenta.

Presença mais constante na mesa da população brasileira

Existem dois olhares sobre a acessibilidade às frutas na dieta do brasileiro: elas estão mais presentes, mas há necessidade de atingir novas classes sociais.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019, houve um aumento no consumo em todas as faixas de renda em relação à pesquisa anterior, de 2013. Contudo, entre os 20% mais ricos, mais de 60% das pessoas consomem frutas regularmente, enquanto que, no outro extremo, entre os 20% mais pobres, esse percentual é de apenas 29%.

Ano Internacional das Frutas e Vegetais, ano de um CBF inovador

No ano em que a ONU, por meio da FAO, traz destaque às frutas e vegetais, o XXVII Congresso Brasileiro de Fruticultura (CBF) promove um de seus encontros mais completos dos últimos tempos. Nesta edição, o tema central será a valorização da ciência brasileira para a produção de frutas.

De acordo com o doutor Henrique Belmonte Petry, pesquisador da Epagri, e que está à frente da presidência da Comissão Organizadora, a realização do evento em 2021 será diferenciada, pois além de ser um ano especial para as frutas, com o Ano Internacional dedicado a elas, a Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF) completa cinco décadas de dedicação plena ao desenvolvimento do setor produtivo. “Somado a isto, temos muitas novidades propostas junto de uma programação inovadora. Certamente será um momento único para todos aqueles que trabalham com fruticultura no Brasil”, enaltece Petry.

O encontro ocorrerá de 27 de setembro a 1º de outubro em Florianópolis. As inscrições podem ser feitas no site oficial do Congresso. CLIQUE AQUI para se inscrever.

A programação está sendo preparada para ocorrer de forma presencial, seguindo os protocolos de biossegurança vigentes e orientados pelos órgãos estaduais.

Fonte: CBF