Projeto liderado por José Roberto Nogueira, sócio e CEO da maior empresa de telecom do Nordeste, quer mobilizar 1 mil proprietários rurais nordestinos com financiamento do BNB
Quase toda a produção será destinada aos mercados europeu e norte-americano.
Do projeto, faz parte a construção de um aeroporto com pista de 2 mil metros de comprimento por 40 metros de largura, para permitir o pouso e a decolagem de aviões que transportarão para o exterior as polpas de frutas, cujas embalagens terão a marca Nossa Fruta.
Há uma semana, José Roberto Nogueira reuniu em Pereiro, no Leste do Ceará, onde está a sede da Brisanet, diretores e técnicos da Sudene, do BNB, do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e do Sindicato da Indústria de Alimentos do Ceará (Sindalimentos), aos quais apresentou o seu projeto, denominado “Roça Solar”.
Trata-se de uma ideia que junta a mais moderna tecnologia da fruticultura e da geração de energia solar fotovoltaica à vontade de produzir das comunidades do sertão cearense e potiguar (Pereiro fica na divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte).
O ex-deputado federal cearense Raimundo Gomes de Matos, diretor de Planejamento da Sudene, participou da reunião e ficou positivamente impressionado com o que viu e ouviu. José Roberto Nogueira pretende – como revelou Raimundo Matos – instalar 1 mil roças solares em igual número de pequenas propriedades do sertão, cujos donos serão capacitados por professores do IFCE.
Por sua vez, André Siqueira, presidente do Sindalimentos-Ceará, informou que o CEO da Brisanet pediu a colaboração da Sudene e do BNB, a cujos diretores sugeriu a criação de uma linha especial de financiamento, com recursos do FNE, para que os pequenos produtores que aderirem ao Roça Solar possam viabilizar sua participação no empreendimento. Além de dar aval ao financiamento, a Brisanet garantirá a compra de toda a produção.
Na opinião das duas fontes, José Roberto Nogueira quer repetir na fruticultura o sucesso de outro grupo cearense, o Betânia Lácteos, que, na pecuária, com o apoio do BNB, tem financiado a melhoria do rebanho dos milhares de pequenos produtores que produzem e fornecem leite à maior empresa de lácteos do Nordeste nos estados do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia, onde ela tem fábricas.
O projeto fruticultor do Grupo Brisanet prevê a instalação de 1 mil módulos de Roças Solares, os quais – de acordo com o piloto já em execução em Pereiro – terão, cada um, 60 metros de comprimento, 6 de largura e 5 de altura, constituindo um tipo de cultura protegida que permitirá, por exemplo, o plantio de mirtilo ou morango, além de frutas tropicais.
No teto dessa estrutura serão instaladas as placas solares que, além de produzirem energia elétrica, terão calhas para a coleta da água da chuva, que será armazenada em grandes cisternas de plástico.
Será essa água que, por meio de controle remoto, garantirá a irrigação, por gotejamento, das fruteiras que serão plantadas e cultivadas sob as placas solares.
O projeto piloto das Roças Solares em desenvolvimento na área de fruticultura da empresa, em Pereiro, está obtendo 100% de êxito, com uma característica própria: como cada fruteira tem seu distinto ciclo produtivo, a Brisanet implantou um campo de produção de multiculturas, com o que, ao longo dos 12 meses do ano, produzirá diferentes frutas, garantindo o funcionamento permanente de sua unidade industrial de polpa.
Ainda segundo Raimundo Matos e André Siqueira, o projeto prevê o plantio das 10 frutas tropicais mais cultivadas e mais consumidas não só no Brasil, mas no exterior, entre as quais se destacam acerola, cajá, goiaba, graviola, maracujá, caju, uva, tamarindo e morango.