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Setor de hortifruti elogia fim da validade em vegetais embalados

Produtores e varejistas de hortifruti elogiam a medida que desobriga informar a data de validade nas embalagens de vegetais frescos. Segundo entidades representativas do setor, a decisão ajudará a evitar o desperdício de alimentos. A mudança foi definida pela Portaria n° 458/2022, publicada no final de julho, e vale para flores, frutas, legumes e verduras oferecidas embaladas nas feiras e supermercados.

As validades variavam de sete a dez dias. Após esse prazo, os vendedores eram obrigados a descartar esses alimentos, mesmo se estivessem em boas condições. De acordo com representantes do setor, a medida que se aproximava o vencimento, os preços dos produtos eram baixados, afetando as margens de venda. Passada a data de validade, os produtos não poderiam nem mesmo ser doados. Assim, eram retirados das gôndolas e  incinerados.

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Desde que a portaria foi publicada em 22 de julho, os produtores não são mais obrigados a colocar uma data de validade em suas embalagens. Apesar disso, os especialistas consultados afirmam que o setor ainda está se reorganizando e a mudança deve ser implementada gradativamente (Foto: Divulgação/Hortifruti Natural da Terra)
Desde que a portaria foi publicada em 22 de julho, os fornecedores não são mais obrigados a colocar uma data de validade em suas embalagens. Apesar disso, os especialistas consultados afirmam que o setor ainda está se reorganizando e a mudança deve ser implementada gradativamente (Foto: Divulgação/Hortifruti Natural da Terra)

Junior Lucato, presidente do Conselho da IFPA no Brasil, explica que a quebra dos produtos dentro das lojas era “uma dor antiga” da cadeia produtiva e do varejo. E entidade, junto com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), participou das discussões sobre o assunto com o Governo Federal.

Quando a Portaria n° 458/2022 foi publicada, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Guilherme Leal, afirmou, em nota, que a indicação de prazo de validade é dispensável uma vez que o consumidor tem condições de avaliar a qualidade dos alimentos.

Lucato concorda: “A data de fabricação permanecerá, assim como os cuidados da parte produtiva. O consumidor terá que fazer aquilo que ele já faz com o produto a granel. Ele vai identificar a condição pelo visual e, até, odor do alimento”.

Em um contexto de menor poder de compra da população, Lucato aponta que a mudança é um passo importante, pois evita o desperdício e abre margem para se ter preços mais baixos, “como se perde menos produtos, pode-se vender um pouco mais barato”.

Mariana Arrivabene, executiva de sustentabilidade da Natural da Terra, reforça que a data de validade gerava um grande volume de produtos desperdiçados. No caso da empresa, uma alternativa era fazer a doação antes do vencimento. Segundo ela, entre janeiro e julnho deste ano, os alimentos repassados pelo hortifruti ajudaram a complementar 62 mil refeições em um projeto social em São Paulo. Ela acredita que esse número tende a ser ainda maior em um cenário sem as limitações dos prazos de validade.

De outro lado, a mudança também exigirá uma nova responsabilidade aos produtores e varejistas, pondera Mariana. Segundo a executiva, sem as datas de validade, o consumidor vai exigir mais transparência de todas as etapas que passa o alimento e, nesse sentido, ela exemplifica com a importância da rastreabilidade.

“Principalmente quando estamos falando de alimentos vindos de pequenos produtores, que chegam aos mercados por intermediadores, o consumidor e os varejistas precisam ter noção de toda a rede conectada e conhecer o setor de ponta a ponta”, ressalta Arrivabene.

*Edição: Raphael Salomão

Fonte: Globo Rural