No primeiro semestre de 2024, a Rasip fará embarques para os Emirados Árabes Unidos e Cingapura, duas regiões que importam maçã da China
Atingida por fortes chuvas no segundo semestre de 2023, a produção brasileira de maçãs neste ano deve ficar perto de 1 milhão de toneladas, em linha com o volume registrado na temporada anterior, segundo as primeiras projeções da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM).
“São números preliminares, ainda temos que esperar mais duas reuniões com os associados para ter uma ideia melhor do volume que vai ser colhido. Mas o que a gente já pode dizer é que não se espera uma safra grande. Vamos ter uma safra de média a pequena, mais para pequena”, afirma o presidente da associação, Pierre Nicolas Pérès.
Segundo ele, os efeitos das chuvas não foram desastrosos, como se temeu inicialmente, contribuindo para reduzir o excesso da oferta no mercado interno e garantindo preços remuneradores aos produtores.
No front internacional, a maçã brasileira também colhe vantagens em relação aos concorrentes, como países da Europa e China.
“A produção europeia ficou um pouco menor do que a do ano anterior, cerca de 4%. Também há relatos de que a China teve uma pequena quebra e, quando se fala em 50% da produção mundial, uma pequena quebra pode representar a produção de um Brasil inteiro”, diz Pérès.
A previsão da entidade é de que as exportações brasileiras de maçã fiquem entre 35 mil e 45 mil toneladas neste ano, a depender de fatores como o câmbio e o bom desenvolvimento da safra ao longo do verão, quando os pomares ficam suscetíveis a granizo.
Além da possibilidade de ocupar espaços de concorrentes no exterior, a abertura de novos mercados também deve beneficiar a maçã brasileira. A Rasip, uma das principais exportadoras de maçãs do Brasil, por exemplo, está conquistando mercados premium na Ásia. No primeiro semestre de 2024, a empresa de Vacaria (RS), que integra o Grupo RAR, fará embarques para os Emirados Árabes Unidos e Cingapura.
“São dois países dominados pela importação de frutos da China, que é o maior produtor mundial de maçãs. No entanto, os consumidores de lá têm condições de pagar por uma fruta de melhor qualidade, algo que o Brasil pode oferecer”, afirma o presidente da RAR, Sérgio Martins Barbosa.
“A maçã brasileira possui mais crocância, é mais saborosa, adocicada e apresenta uma coloração vermelha mais forte do que a chinesa. Isso atrai mercados que valorizam a alta qualidade”, diz.
Para Barbosa, a abertura de novos mercados para maçã nacional “é uma conquista para o Brasil. Temos excelentes frutos e a National Parks Board, a autoridade fitossanitária de Cingapura, possui um rígido controle, que afirma a qualidade e excelência dos nossos produtos”, afirma.
Segundo Barbosa, o objetivo da empresa é aumentar os embarques para 30% da produção.
“O mercado brasileiro de maçã é muito instável, então a exportação é uma saída para garantir uma rentabilidade mais estável para a empresa, com clientes dispostos a pagar preços melhores por produtos de qualidade”, diz.
Apesar dos problemas climáticos que afetaram a produção de outras frutas no Sul do Brasil, como a uva, Barbosa acredita que a safra da maçã deve apresentar bons resultados. O executivo estima que a colheita brasileira da fruta deve ficar em torno de 950 mil e 1 milhão de toneladas.
Fonte: Globo Rural