No inverno, consumo de água de coco reduz em até 80%
Em Petrolândia (PE), município que assumiu a liderança nacional na produção de coco – conforme os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) divulgados neste mês pelo IBGE -, o produtor Bruno Alves da Silva tem uma fórmula para minimizar os efeitos da sazonalidade: eficiência na operação e destinação dos frutos dividida entre a indústria e o comércio.
“É vital manter esse modelo híbrido, porque se comercializar somente o coco in natura, para consumo de água de coco no fruto, o produtor perderá muito durante o período mais frio”, comenta. Parceiro da PepsiCo, ele direciona 60% da produção de coco verde para a fábrica da Kero Coco, marca da companhia em Petrolina, e tem a compra garantida durante o ano todo.
“A região é bem consolidada na produção de coco e decidimos incorporá-la em nosso portfólio produtivo para a diversificação de cultura”, conta o produtor. Segundo ele, a estratégia foi adotada visando também a diversificação do risco, relacionado principalmente às condições climáticas: “as duas culturas não têm os mesmos pontos fracos, enquanto uma precisa de chuva a outra não, então, em algum lado a gente vai ganhar”.
Sobre a sazonalidade para a produção do coco, Bruno ilustra com a divisão do negócio em três quadrimestres no ano: “de novembro a fevereiro, o produtor ganha dinheiro. Verão e praia aumentam muito o consumo da água de coco”.
Reflexo
Francisco Nunes, produtor e vice-presidente do Sindicoco, aponta que o período de frio compromete toda a cadeia produtiva ligada ao coco verde, repercutindo até mesmo no consumo na região Nordeste. O sindicato ainda não tem dados referentes ao inverno de 2025, que terminou no dia 22 de setembro e registrou temperaturas menores em comparação com anos anteriores.
“Como a produção do fruto não para, muitos produtores acabam migrando para a produção do coco seco”, explica. E acrescenta: “o coco é a única cultura que possui 1.010 produtos derivados no supermercado, como leite de coco, coco ralado, sabão e óleo de coco, cocada, bolachas etc.”
De acordo com dados do Sindicoco, somente o setor de agroindústria do coco emprega atualmente em torno de 250 pessoas no Vale do São Francisco. Na área produtiva, há em média 1,5 trabalhador por hectare, num total de 6 mil hectares de plantações de coco na região.
Petrolândia ocupa a liderança na produção de coco com 162 mil toneladas e movimentação de R$ 113,4 milhões em 2024, conforme a PAM. O município superou a Paraipaba (CE), que manteve a liderança por quatro anos consecutivos e agora ocupa a segunda colocação entre os maiores produtores do fruto, com 155,9 mil toneladas. O ranking dos estados com maior produção de coco tem o Ceará na liderança, com 588,5 mil toneladas, seguido da Bahia (360 mil toneladas).
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Perfil
Francisco Nunes, do Sindicoco, enfatiza que a cultura do coco é uma das que melhor representa o pequeno produtor no Brasil. “Cada plantação tem em média 2,5 hectares, com faturamento a cada 40 dias. Nenhum outro segmento proporciona esse tipo de rentabilidade”, observa. Nunes adverte que esse processo ganha estabilidade a partir do quarto ano de cultivo e que o coqueiral pode durar entre 30 anos a 40 anos.
Na propriedade dele, que fica em Petrolina, são 8 hectares para produção de coco, que gira em torno de 600 mil frutos por ano. Ele também mantém uma agroindústria para envasar a água de coco, com produção de 25 mil a 30 mil litros do produto por mês. Para isso, ele utiliza o coco produzido na área própria e também compra de pequenos produtores, totalizando em torno de 200 mil cocos por mês para a fábrica.
Na fábrica da Kero Coco, líder do setor na região, a administração informou, por meio da assessoria de imprensa, que “a produção e consumo de Kero Coco estão em crescimento expressivo nas áreas-foco do produto”. A companhia não informa dados de produção e faturamento por estar em “período de silêncio”.
*A jornalista viajou a convite da PepsiCo
Fonte: Globo Rural