Morangos vermelhos, suculentos e nutricionalmente equilibrados atraem os consumidores nas prateleiras de hortifrúti. Mas não são apenas as características físicas do produto que importam. Saber de onde o produto veio, de que forma foi cultivado, por quem foi colhido e embalado e como chegou até os estabelecimentos comerciais também são critérios preponderantes na escolha dos consumidores mais atentos.
Elevar os padrões de qualidade de morangos com agregação de valor, permitindo a rastreabilidade de todas as etapas de produção, é apenas uma das vantagens de uma produção integrada, já que os benefícios também se apresentam para os produtores. No campo, a produção integrada ao ambiente específico do cultivo reduz custos de produção; permite a conservação ambiental; traz segurança para o trabalhador rural, rentabilidade da lavoura e maior desenvolvimento regional.
O cenário de ganha-ganha na produção integrada do morango (PIMo) foi discutido no IX Simpósio Nacional do Morango nesta terça-feira (19), realizado virtualmente com transmissão pelo Youtube da Embrapa.
A produção de morangos neste sistema comprovado de pesquisa e inovação a partir de boas práticas agrícolas permite a integração sócio-econômica e ambiental da região. Assim, se o produtor optar por seguir rigorosamente os critérios técnicos desenvolvidos a partir de aplicação em unidades-piloto, terá um mercado diferenciado para sua produção estando apto a receber o selo Brasil Certificado: Agricultura de Qualidade.
Foi assim que, em maio de 2019, a produtora paranaense Ingrid Souza certificou sua produção integrada de morangos se tornando a primeira mulher produtora a receber a certificação PIMO. Sua fazenda também foi a pioneira no estado a receber o selo para a produção de morangos.
Seja no campo ou no mercado consumidor, ela comprovou as vantagens da produção em sistema integrado. A marca de Pinhalão comercializa morangos frescos in natura, desidratados ou liofilizados. Nesse último processo, a água é retirada do morango in natura preservando os nutrientes do alimento e deixando os morangos crocantes. Para uma porção de 10 gramas de morango liofilizado passam por esse processo 130 gramas de morango in natura.
“Sei que inspiramos muitos produtores. Os produtores sabem que todo cuidado no manejo impacta muito no produto final, já que o morango é muito sensível. A PIMO dá mais qualidade e rentabilidade para o produtor e principalmente para o consumidor, pois a gente que produz alimentos tem, sim, a responsabilidade de produzir um alimento seguro porque nós também somos, eu e minha família, os maiores consumidores”, defendeu Souza que estuda expandir os produtos à base de morango.
Foi para atender a esses outros produtos a partir do morango in natura que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento atualizou recentemente o normativo técnico de forma a atender a Portaria 443/2011 do Inmetro, que traz os requisitos de avaliação da conformidade para a PI Brasil.
“A IN nº 17 foi criada no fim de 2021 e começou a valer neste ano de forma a atender a certificação de mais de 2 milhões de kg de morangos por ano”, explicou a agrônoma da Embrapa Fagoni Calegario, pesquisadora frente às pesquisas da tecnologia da produção integrada.
Além do Paraná, outros dois produtores do Rio Grande do Sul e um grupo de produtores em São Paulo têm a produção de morangos integrada ao meio regional local de forma ambiental, econômica e social. A PI organiza a atividade do sistema produtivo de acordo com a região, respeitando suas funções ecológicas de forma a promover o desenvolvimento sustentável.
Para a coordenadora de Produção Integrada Agrícola do Ministério, Rosilene Souto, esse sistema de produção se destaca como ferramenta de adaptação frente economia de recursos naturais e insumos como fertilizantes.
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“A PI consegue reunir muitos conhecimentos e profissionais altamente qualificados chegando diretamente no produtor principalmente em épocas como as atuais com a racionalização de insumos, de água, de energia, de adubos. A gente nunca esteve tão atuante como hoje ao longo desses 20 anos que estamos qualificando e adequando os produtores a essa tecnologia”, frisou.
Como funciona a produção integrada (PI)?
As normas técnicas de produção são testadas e validadas a partir da aplicação em unidades-piloto. Neste processo, são utilizadas as mais adequadas tecnologias, buscando a racionalização de produtos agroquímicos, o monitoramento da água, do solo, da cultura, da pós-colheita e a implantação de registros em todas as fases de produção para obtenção da rastreabilidade.
Ao final do trabalho, estarão disponíveis para os produtores todas as orientações estabelecidas para o sistema de Produção Integrada: normas técnicas específicas, grade de agroquímicos, listas de verificação, cadernos de campo, cadernos de pós-colheita e cadernos de agroindustrialização, todos aprovados e homologados pelo Ministério da Agricultura.
A adesão ao do produtor é voluntária, mas quem optar por seguir o modelo de produção integrada deverá seguir todos os critérios estabelecidos nas normas técnicas assim como o Tiago Andreazza , de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
“Atendemos o varejo, distribuidores e indústria e temos como objetivo com a certificação da PIMo, além de garantir a segurança do alimento, garantir um bom posicionamento no mercado com condições de agregar valor ao produto e também servir de referência para outros produtores adotarem e acreditarem na certificação como ferramenta importante de diferencial num mercado atualmente tão competitivo”, comentou ele.
Nas gôndolas dos mercados, os produtos do Tiago e da Ingrid são reconhecidos pelo consumidor a partir do selo Brasil Certificado: Agricultura de Qualidade. A certificação faz parte do Programa de Avaliação da Conformidade da Produção Integrada para todos os produtos do setor agropecuário no Brasil e é emitido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) após acreditação por empresa de terceira parte habilitada.
Fonte: Mapa