Revestimentos buscam substituir o plástico e aumentar a vida útil dos alimentos frescos
No mundo todo, 17% dos alimentos produzidos são jogados fora, segundo a Organização das Nações Unidas —e a maior parte acaba sendo desperdiçada pelos consumidores, em casa.
Até hoje, as soluções para reduzir o desperdício de alimentos muitas vezes envolviam o uso de plásticos e de produtos químicos, como cloro, peróxido de hidrogênio e outros que eliminam micro-organismos e prolongam a vida útil de frutas e vegetais.
Mas, com a crescente demanda pela redução do uso do plástico na cadeia da alimentação, novas tecnologias estão surgindo para preservar os alimentos frescos por mais tempo, informa um artigo da BBC Future.
Uma delas é o revestimento comestível de frutas e vegetais, que são recobertos por uma película de material protetor que pode ser consumido com o alimento. No Reino Unido, esse revestimento artificial já é usado em maçãs, laranjas, limões e outras frutas para ajudar a conservar a umidade e prolongar a vida útil.
Além deles, os pesquisadores estão fazendo experiências com diferentes substâncias, como a proteína secretada pelo bicho-da-seda, a quitosana (um açúcar do esqueleto externo do marisco), a goma de caju, a gelatina de peixe e derivados de celulose e algas.
A função de todos eles é formar uma fina membrana na superfície dos alimentos. Com isso, a transferência de gás e de vapor de água é reduzida, o que limita o escurecimento e a perda de aroma e estende a vida útil.
Um estudo recente, informa a BBC, cobriu morangos com quitosana e uma substância isolada de proteína de soro de leite e, com isso, aumentou a durabilidade da fruta em 60%, mantida em geladeira. Já tomates cobertos com quitosana e algas verdes permaneceram quase perfeitos mesmo um mês depois de colhidos.
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Nano-tratamento
Outra solução é o uso de nanomateriais, que são milhares de vezes menores do que um fio de cabelo humano. Isso porque, ao diminuir as partículas, elas têm um desempenho melhor como revestimento, por ganhar mais resistência e propriedades de barreira.
Um estudo feito com morangos mostrou que, depois de uma semana, a maioria dos morangos armazenada em temperatura ambiente ficou coberta de fungos. Entre os revestidos com quitosana e nanoprata, apenas 10% estragaram. As cenouras duraram ainda mais: 70 dias, contra quatro das que não tinham cobertura de nanoprata.
Essas nanopartículas também são antimicrobianos poderosos e podem ser adicionadas a embalagens plásticas para prolongar a vida útil de frutas, legumes ou verduras.
Para que essas novas tecnologias sejam largamente adotadas, ainda será preciso superar algumas questões de segurança. Em pesquisas feitas com camundongos e ratos, a ingestão de nanopartículas de óxido de zinco causou danos hepáticos e renais. E as de prata intoxicaram a lombriga Caenorhabditis elegans e células humanas.
Por isso, cientistas e empresas ainda estudam outros métodos de manter frutas e vegetais frescos e seguros para consumo por mais tempo. A BBC Future cita como exemplos a água ativada por plasma, os tratamentos com ozônio, o ultrassom de alta potência e as bacteriocinas (peptídeos antimicrobianos ou proteínas produzidas por certas bactérias).
Fonte: News Ifood