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Produtores da região apostam em frutas pouco conhecidas, mas rentáveis

Frutas pouco conhecidas como pitaia, lichia e mangostão chamam a atenção pela beleza exótica e rentabilidade; no campo, em época de entressafra, os preços do quilo ultrapassam R$ 300


Plantação de pitaia do produtor William Barcelos (Divulgação)

 

Dedicados ao mercado de frutas exóticas, produtores do Noroeste Paulista fazem investimentos de longo prazo em pomares em que a primeira produção pode demorar uma década para a primeira safra. Porém, a rentabilidade com as frutas – que se destacam pela beleza exótica e sabores pouco conhecidos, como a pitaia, a lichia e o mangostão -, garantem um mercado fruticultor diferenciado, e que podem atingir vendas de até R$ 300 (o quilo) para o fruticultor.

Além da rentabilidade, as frutas também atraem pela produtividade dos pomares. É assim com a lichia, uma fruta originária da China, e com o mangostão, conhecido como a fruta da rainha. Produzidas no pomar de Júlio Shimasaki, as frutíferas exóticas ganharam espaço entre outras mais conhecidas, como as goiabas e as carambolas, e agregaram mais valor para o produtor.

“Tenho o privilégio de iniciar a colheita da lichia em setembro aqui na região Noroeste Paulista, quando o preço atingiu R$ 311,90 o quilo que eu comercializei neste ano. Mas agora, que é safra em outros locais e há maior oferta, o preço chega a R$ 40 na comercialização do quilo da lichia”, diz Júlio.

Se adiantar na colheita da lichia também é um diferencial para garantir lucratividade, de acordo com o fruticultor Koitiro Sato. Aos 80 anos, ele diz que plantava abacaxi quando teve a ideia de cultivar a desconhecida lichia, na década de 1990. “Quando plantei o primeiro pé de lichia, não sabia nem como era o gosto da fruta. Mas a minha irmã, que morava em São Paulo, já dizia que o negócio com essa fruta seria bom”, ressalta.

Koitiro conta ainda que nesta época, apesar de a lichia ter maior oferta nos principais centros comerciais do País, os preços continuam razoáveis, com as frutas sendo comercializadas a R$ 40 (o quilo). “No supermercado, a cumbuca (embalagem plástica) de 500 gramas pode ser vendida até por R$ 50”, diz o produtor.

Mangostão

Júlio conta que o mangostão é também conhecido como fruta da rainha, pelo fato de ser muito apreciado pela rainha Vitória da Inglaterra, na época em que foi descoberto, em 1837. “Quando o mangostão chegou ao Brasil, meu pai, em meados de 1980, pegou a caminhonete e foi conhecer a fruta em Belém, no estado do Pará. Comentava-se naquela época que cada fruta era comercializada a um dólar”, diz Júlio.Atualmente, ele possui 200 árvores de mangostão, uma fruta exótica de polpa com sabor leve e adocicado. No início, Júlio lembra que não foi fácil produzir o mangostão, que só teve uma boa safra após 15 anos de plantio. “Esse ano a produção está razoável, depois de um inverno atípico do ano passado e que prejudicou 80% da colheita. A venda, nesta safra que ainda está se iniciando, deve ser em torno de R$ 20 a R$ 45 o quilo”, conclui.

Pitaia ganha mercado

Apesar de a fruta-dragão, como também é conhecida a pitaia, integrar com pouca frequência a mesa dos consumidores brasileiros, o produtor William Barcelos, também conhecido como Bill, investiu na plantação. Segundo ele, a pitaia tem ganhado espaço nos supermercados, e está a cada ano mais conhecida do público. “Hoje as pessoas fazem muita geleia, sorvete e bebidas que levam a pitaia. É uma fruta que se destaca, e nesta época do ano, de festas, enfeita as mesas com sua beleza exótica”.

A produtividade da fruta é considerada boa pelo produtor, em média de 25 kg por árvore cultivada no pomar. Mas Bill explica que o plantio precisa de um manejo adequado, não sendo recomendado o cultivo sem conhecimentos específicos sobre a fruta. De acordo com o produtor, os preços ainda não são ideais para os investimentos feitos no pomar, e oscilam entre R$ 12 e R$ 15, o quilo, na safra de 2022.

Já para a produtora Helena Lazari Ruiz Lourenço, as vendas com a pitaia, no ano passado, foram satisfatórias. Ela comercializou o quilo por R$ 20. Neste ano, as primeiras floradas começaram em novembro, o que sinaliza que ainda está no início da colheita da fruta.

Helena, que é professora aposentada, conta que queria investir em uma plantação de fruta que não necessitasse tanta poda, como por exemplo, a uva, e nem de tantos tratamentos com defensivos agrícolas. “Busquei recomendação técnica e hoje cultivo 150 plantas de pitaia, todas sem o uso de produtos químicos. A pitaia, além da beleza, é uma fruta muito saudável”, comenta a produtora. (CC)

Cuidados extras no cultivo

O engenheiro agrônomo Gilberto Massami Watanabe, da Casa da Agricultura de Lavínia, recomenda cautela para o produtor que vai investir em frutas exóticas, em especial com a lichia e o mangostão. “São frutos de excelentes ganhos para o produtor, mas não produzem com muita rapidez como outras frutíferas. A lichia, por exemplo, pode demorar mais de dez anos para ter uma produção comercial”, pontua.

Na implantação de um pomar de frutas exóticas, Gilberto alerta que o produtor precisa de outra renda, já que terá muitos gastos com pulverizações de defensivos, produtos a base de enxofre, e que custam caro para produção dessas frutas. “O mangostão é uma fruta de alto investimento e precisa, nos primeiros anos da cultura, de sombra para se desenvolver”.

Por outro lado, o agrônomo diz que os produtores da região do Noroeste têm conseguido produzir muitas frutas exóticas na entressafra da cultura no País. “A vantagem é a colheita de lichia ser antes de dezembro, o mês que normalmente é a época de safra em outros estados brasileiros. Com isso, o produtor da região consegue preços bem melhores”, afirma Gilberto. (CC)


Árvore da exótica mangostão do produtor Júlio (Divulgação)